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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A maioria dos sportinguistas considera que a existência de uma equipa B de futebol faz parte do ADN do Clube. Essa convicção está associada ao histórico da Formação de jogadores e é apresentada com a finalidade de resolver a ausência de um patamar de transição entre os juniores e os seniores. Há uma tradição de décadas que permitiu que atletas das escolas do Sporting fizessem carreira no Clube e no futebol profissional.
Se recuarmos no tempo vêm de imediato à memória os nomes de Morato (pai e filho), Octávio de Sá, Fernando Mendes (médio), Pedro Gomes, Alexandre Baptista, Oliveira Duarte, Vítor Damas, Zezinho, Bastos, Laranjeira, Caló, Barão, Inácio, Freire, Ademar, Virgílio, Carlos Xavier, Venâncio, Futre, Litos, Mário Jorge, Fernando Mendes (defesa), Lima, Rui Correia, Marinho, Paulo Torres, Cadete, Peixe e Figo, entre outros. Aurélio Pereira, Carlos Pereira e Jorge Jesus jogaram nas camadas jovens. Cristiano Ronaldo jogou na equipa B. É possível imaginar em que medida foi importante para eles e para o Sporting. A Academia de Alcochete foi criada nesse princípio.
Observando o que acontece noutra casa é impossível ignorar que jogadores como Busquets, Pedro, Thiago Alcantara, Deulofeu, Tello e o próprio Messi passaram por La Masia.
Hoje, no Sporting, preocupa que haja dificuldade em citar nomes de juniores de último ano ou seniores de primeiro ano com presença assídua no plantel da equipa B. Conheço apenas Pedro Silva. Muitos sportinguistas que seguem o percurso da equipa B consideram que a orientação actual não é coerente com a filosofia de desenvolvimento competitivo que sempre lhe foi associada.
A classificação na 2ª Liga corresponderá às expectativas, a derrota com o FC Porto pode ser considerada conjuntural, mas questiona-se a convocação sistemática de jogadores como Labyad, Cissé, Sambinha, Viola, Sacko e Salomão. Ou King até, infelizmente, se lesionar com gravidade. Ou o próprio Zezinho, embora o seu caso seja diferente. Se Rabia ainda integrasse o plantel seria um dos titulares. Entretanto, há atletas que correm o risco de não lhes serem proporcionados os estímulos e os desafios competitivos que são indispensáveis nesta fase das suas carreiras. Descaracterização e miscelânea é a avaliação que muitos fazem.
O programa eleitoral de Bruno de Carvalho, “Sporting no coração, confiança no futuro” (2013), realçava que “a existência de uma equipa B é de enorme importância para o desenvolvimento sustentado e servirá de ponte entre o futebol júnior e o futebol sénior. Utilizando as mesmas metodologias, práticas, organização e sistemas de jogo que a equipa sénior profissional, os jovens que integram a equipa B estarão aptos a integrar a equipa principal, seja em caso de necessidade, seja por mérito próprio, fruto do desempenho pessoal.” Não é isto que se verifica.
É consensual que os jogadores de uma equipa B possuem ciclos específicos de crescimento e de afirmação, mas preocupa a indefinição conceptual e a ausência de projecto que se verifica. Até chega a parecer que se adormeceu sobre os louros conquistados. No entanto, os adeptos ouvem hoje e sempre que a equipa B é uma aposta para manter. Sendo assim, torna-se indispensável que Bruno de Carvalho intervenha até porque no referido programa eleitoral garantia-se que “o Presidente do Sporting Clube de Portugal terá a liderança directa do Futebol e da Academia. A equipa pluridisciplinar (da estrutura do futebol) reportará ao Presidente.” Para que amanhã não se diga que a culpa foi de João de Deus.
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