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A insustentável leveza do adepto (I)

Naçao Valente, em 09.01.19

 

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O adepto de futebol vive num mundo de fantasia. Sem peso nem consistência, flutua num limbo de onde foi expulsa a realidade. Num dia, está no paraíso vivendo felicidade eterna, no outro, cai no mais trágico inferno que se possa imaginar.

 

Esta dualidade de comportamento aplica-se a todos os adeptos em geral, mas ao português em particular, também em função da sua especificidade enquanto cidadão.

 

O adepto do Sporting, por mais que se diga, não é diferente. Tanto milita na euforia sem limites, como cai na depressão sem fim. Ainda há pouco tempo cantava louvores às novas lideranças, e colocava a equipa técnica e as suas tácticas nos píncaros da lua.

 

Vejam lá, tinha conseguido pôr um grupo de executantes, de entre eles, muitos com pés de chumbo, a jogar bom futebol a que alguns tiveram a ousadia de chamar o "tiki-taka". De um dia para o outro os bestiais já são apelidados de bestas. Têm grilhetas nos pés, não correm, não fintam...e o treinador, meu Deus, que "asno".

 

O futebol não se joga no mundo da fantasia, joga-se no mundo real. No mundo real são onze contra onze, e ganha  quem marcar mais golos. O adepto, na sua insustentável leveza, considera que a sua equipa, por ser um "grande" pela sua história, pelos meios de que dispõe, tem de ganhar todos os jogos.

 

Pura ilusão, porque os outros, filhos de um deus menor,  também sabem jogar, e utilizam as valências que possuem, para contrariar a fantasia dos craques. Não há vitórias por decreto ou por estatuto. Há vitórias por trabalho, por rigor e às vezes com o ápio da sorte.

 

É comum dizer-se que uma equipa joga o que a outra deixa jogar. O jogo a dois toques funciona se houver condições e espaço para o realizar. E esse espaço é ou não concedido pelo adversário. Quando este, por mérito seu,  não o concede, só a genialidade de uma equipa de "galácticos" o pode conseguir, sem que isso, no entanto, seja garantido.

 

Não acredito que qualquer jogador até para bem da sua curta carreira, não queira fazer o seu melhor. E quando joga mal é porque as circunstâncias, sejam quais elas forem,  não o permitem.

 

A frase que considero mais  ridícula, usada pelas multidões nos estádios, é "joguem à bola", quando uma equipa, por razões até muitas vezes desconhecidas pelos adeptos, não consegue jogar bem.

 

Os jogadores de futebol são homens que erram como todos nós. E quando são sujeitos a pressões negativas, reagem inconscientemente pela negativa. Se o adepto percebesse isto nunca utilizaria tal expressão.

 

O adepto, na sua leveza, julga-se jogador e treinador, quiçá presidente. Não conhece da missa a metade, nem sabe fazer, mas fala como um perito. Basta ler os comentários e as análises, que são tantas e tão diversas, quanto o número de pessoas que as emitem.

 

Se o futebol real se regesse por estas opiniões caía na maior bagunça. Felizmente, opiniões fazem apenas o seu caminho como catarse de emoções, e nisso o futebol desempenha o seu papel como escape para outras frustrações do dia a dia.

 

Em conclusão, como diria La Palice, nem tudo estava bem antes, nem tudo está mal agora. Tudo é relativo. O adepto em vez de ajudar, complica. Tantas vezes.

 

Que o adepto manifeste a sua opinião, mas sem pôr sistematicamente em causa o trabalho de uma direcção e de uma estrutura, quando uma equipa não corresponde totalmente aos seus justos anseios. Para isso já chegam os profetas, conscientes da desgraça, que desejam e esperam que tudo corra mal. 

 

publicado às 03:49

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1 comentário

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De R. Ribeiro a 09.01.2019 às 11:01

Só para dizer que, o que se tem visto neste espaço de DEBATE,são opiniões críticas ao que Keizer e a equipa tem feito em campo. O Nação Valente, caríssimo, na minha opinião, borra a pintura toda, porque, até mesmo nas vitórias, se tem apontado erros e fases menos boas de todo o processo Keizer. Vir, com este texto de opinião, aos seus (e desculpe assim considerar-nos a todos os que aqui deambulam todos os dias) colegas dizer que vemos as coisas e sentimos as coisas com leveza, talvez tenha estado demasiado tempo afastado deste espaço público. É mesmo não ter a noção do que se tem afirmado neste espaço pelos que aqui deixam o seu tento opinativo.

Até lhe digo mais. De muito mais leveza são adeptos de outros clubes que, ao fim de vencerem campeonatos, ao primeiro desaire da temporada e já mostram lenços brancos, despediram treinadores, atacaram treinadores, atacaram jogadores, destruíram viaturas e outras coisas mais, os adeptos do Sporting aguentam a incompetência constante que reina no seu clube à 18 ANOS! De leveza não há nada.

Se existe leveza de estado, talvez seja porque o clube, das duas uma, ou não merece efectivamente os adeptos que tem ou precisa de se esvaziar de importância histórica e começar a contratar e a competir dentro daquilo que se lhe querem, ou seja, sem exigência e com jogadores de meio da tabela. Não é comportável é ter os adeptos que tem, que os seguem para todo o lado, já louvado por essa Europa fora, contratar jogadores aos milhões de euros e depois resignarmo-nos por uma derrota no Tondela, Portimonense e afins, com toda a naturalidade, e com 18 anos de seca de títulos. Se os jogadores do Sporting se transaccionam aos milhões, então têm que valer milhões em campo e não meros tostões (que é o que se viu nestes jogos menos conseguidos), porque a ser assim, não precisamos de gastar tanto e vamos ali ao clube desportivo da aldeia buscar três Zé Manéis a custo de uma imperial e uma bifana que devem fazer o mesmo em campo que os que são pagos aos milhões! Não se trata de termos perdido, mas sim de termos perdido sem mostrar a garra e o sacrifício que se pedem. Ainda lhe digo mais, não há desculpas possíveis para não deixarem tudo, todos os dias em campo. Queriam uma direcção nova por se sentiram amedrontados com a anterior. Os sócios deram. Queriam novo treinador com novas rotinas? O Presidente deu. Ganham milhões! O que querem mais? Um gato para lhes aquecer os pés à noite? Não há estado de espírito que os desculpe por se andarem a arrastar em campo nos jogos mais difíceis!

Como é óbvio, neste texto, estou a generalizar as atuações de todo o plantel nos vários jogos. De resto, já muito foi comentado de cada jogo específico.

Não considero ser um texto muito inteligente, por parte de alguém que aprecio ler com regularidade, para defender o indefensável! Mais ainda, não é um texto inteligente para quem comenta tanto os jogos como qualquer um dos restantes, sabendo toda a dinâmica envolvida na equipa e no desporto em geral. E, não me sentindo pessoalmente ofendido, gostaria de deixar o meu sentido de reprovação ao mesmo.
De resto, bem haja e vamos lá receber este Porto com garra e espírito de sacrifício, para vencermos esta batalha!
SL

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