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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Frequentemente ouve-se dizer que há uma grande diferença entre o futebol dos dias de hoje e o do tempo em que os jogadores calçavam botas com travessas e ainda jogavam em campos pelados. Na verdade, é bem diferente. Então só se utilizavam palavras antigas com significados há muito conhecidos. Ou algumas palavras inglesas, mas isso era porque o foot-ball surgiu nas terras de Sua Majestade: derby, keeper, corner, off-side… Naquele tempo os ídolos eram grandes jogadores, os melhores entre os melhores, e cruzavam-se com os adeptos no mesmo barbeiro ou até acontecia que trocassem dois dedos de conversa num café da Baixa.
Tudo muda e hoje os futebolistas cheios de tatuagens e com penteados complicados mais parecem actores do cinema ou artistas da televisão do que propriamente jogadores de futebol. Jogam à flor da relva bem aparada calçando umas levíssimas e coloridas botas da Adidas ou da Nike. O pior de tudo é que temos de ir para o Estádio com um dicionário debaixo do braço. Agora, os defesas centrais “saem a jogar” e alguns jogadores até “jogam sem bola”. Um dia destes, um companheiro de bancada queixou-se que a nossa equipa não faz o controlo da “transição adversária”. Explicou-me logo ali a diferença entre “transição defensiva” e “transição ofensiva” e falou do “corredor central” e da “zona de pressão”.
Afinal, compreende-se que haja uma grande diferença, porque “todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”, como cantou o nosso poeta dos poetas. E, pensando bem, até desconfio que Luís de Camões seria um grande fã do célebre losango do Paulo Bento ou do “jogo posicional” do Pep Guardiola. De certeza que ele faria belos sonetos à conta desta nova linguística do futebol!
Na fotografia, uma equipa do Sporting na época de 1934-35. O tempo em que os jogadores calçavam botas com travessas e ainda jogavam em campos pelados.
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