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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Quando era muito jovem, jogava futebol de rua, nomeadamente no adro da igreja, quando não havia procissão. Nesses jogos, éramos todos jogadores e árbitros. Mas quando íamos jogar a uma povoação próxima, inventava-se um juiz de campo.
Numa partida entre aldeias, em que não tive lugar dentro do campo, fui convidado para arbitrar. Só que a minha competência de árbitro, era ainda pior que a de futebolista. Sem conhecimentos da função, limitei-me a deixar jogar, até que na assistência começaram os protestos: "mas o árbitro não apita?" Em consequência, fui substituído por um adulto, por sinal grande sportinguista.
Mas o que queria salientar com este introito, é que assim que fui nomeado, veio falar comigo um jogador da minha equipa, que me disse discretamente: “olha que tens que apitar contra os gajos". Isto significa que a tendência para aldrabar em proveito próprio faz parte da nossa natureza, e revela-se até em jogos a "feijões” como foi o caso.
Se assim é, parece-me lógico que numa competição, onde estão em jogo muitos milhões, para além de vitórias desportivas, esse comportamento seja habitual. Neste campeonato ainda só passaram quatro jornadas e os casos não param de acontecer. O clube das Antas que não está a jogar “um chavelho” ganhou os três primeiros jogos, com muita água benta. O nosso Sporting, na época anterior, em situação idêntica, já tinha perdido pontos e mais pontos. Mesmo descontando o meu facciosismo clubista, parece-me que a tendência para a batota, mesmo com todas as tecnologias, é uma realidade.
Numa breve pesquisa sobre vitórias em campeonatos nacionais, verifiquei que até 1984 o SLB tinha 26 vitórias, o SCP 20, e o clube das Antas, 7 . Depois de 1984, O clube das Antas, 23, o SLB, 12 e o SCP, 3.
O que mudou em 1984: a chegada à presidência das Antas, do senhor Pinto da Costa. Mas como se explica esta mudança nas vitórias? Bem, ganhou mais jogos, fez mais pontos. Certo. A questão é saber como os ganhou. A melhor resposta está no “Apito Dourado”, como se veio a provar-se no início do século XXI, ou seja a criação de um “sistema” para condicionar as arbitragens, em seu benefício. Será só isso? Possivelmente não, mas que ajudou, ajudou.
Depois do infame apito dourado este “sistema” sofreu algum abalo, mas os do costume arranjaram maneira de voltar a influenciar fora das quatro linhas, como está a acontecer esta época, com a procissão ainda no adro. E o mais preocupante é que não vejo uma luz ao fundo do túnel. Com os interesses económicos que estão em jogo, e os domínios instalados, não basta ser o melhor em campo.
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