Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Campeão de inverno. De certeza que não é um oxímoro? Ou um título irónico? No meu bairro havia um casal muito pobre, e de aspeto condizente com a pobreza, ao qual, com a maldade típica dos pequenos meios, alguém deu o nome de “casal feliz”. Há outros casos de títulos aviltantes. O “rei do tremoço”, por exemplo. A grandeza da monarquia era apoucada pela pequenez e insignificância do tremoço. Parece-me que com o pomposo e, segundo dizem, agora oficial “campeão de inverno” acontece algo semelhante.
Antigamente, quando o “campeão de inverno” era apenas uma brincadeira, um gracejo para assinalar a equipa que dobrava o meio do campeonato em primeiro, era levado mais a sério. Agora querem que o levemos a sério, outorgando o título ao vencedor da Taça da Liga, e é por isso que nos dá vontade de rir. Porque antes não era glória nenhuma. Era até um aviso para que o líder não se deslumbrasse. O campeão de inverno era “campeão de inverno”. Hoje quase nos obrigam à genuflexão reverente perante o Campeão de Inverno!
Só um único homem viveu a jornada de apuramento do campeão de inverno como se fosse verão, mais feliz que um pinto no lixo ou um pato numa poça: Bruno Lage. Na conferência de imprensa brincou, meteu-se com os jornalistas, esclareceu equívocos com a bonomia de quem vive num eterno agosto, até se prontificou a responder a mais perguntas, todas as que quisessem, já que por ele ficava ali na conferência até o inverno acabar.
Não sei se já percebeu que os benfiquistas, ainda que moderadamente felizes por mais um troféu, estão a tentar assimilar a perda de seis pontos nas últimas jornadas. Que, no final da primeira volta, o Benfica siga atrás deste Porto e de um Sporting atingido por um João Pereira, é motivo da maior tristeza. Uma tristeza digna de um “campeão de inverno”.
Exercto da crónica de Bruno Vieira Amaral, em Tribuna Expresso
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.