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Face ao destaque que este polémico lance mereceu fora fronteiras e ao debate aceso que ainda persiste em Portugal, nomeadamente nas redes sociais, decidi tentar aprofundar o protocolo do VAR no futebol português.

Encontrei um artigo no jornal Público, datado 27 Fevereiro 2023, que talvez nos ajude a compreender melhor a actuação do  VAR. Em síntese, passo a transcrever...

"Com a ferramenta introduzida em 2017 no futebol português, o VAR, a ver o jogo com recurso a dezenas de câmaras, pode chamar o árbitro de campo para corrigir decisões erradas. E quando não chama? E quando chama erradamente? E quando o árbitro recusa o “conselho” do VAR? Nesses casos, dão-se problemas.

O VAR elimina os erros?

Não. A premissa do VAR não é corrigir erros, mas sim corrigir "erros claros e óbvios". Decisões que as imagens comprovem, inequivocamente, serem erradas devem justificar acção do VAR, recomendando o árbitro a corrigir a decisão ou, se assim entender, ir ver as imagens por si próprio, num monitor junto ao relvado, e decidir se mantém ou corrige a decisão inicial.

O VAR pode actuar em lances duvidosos?

Não. Sendo certo que o conceito de “erro claro e óbvio” não é objectivo – o “claro e óbvio” para uma pessoa pode não ser “claro e óbvio” para outra –, a ideia é que apenas decisões absolutamente erradas pressuponham a actuação do VAR.

É e continuará a ser esse o principal foco de polémicas: não é que o VAR não identifique erros, mas, muitas vezes, considera que não é um erro claro o suficiente para que possa corrigir o árbitro de campo. E todos vão para casa a saber que falharam uma decisão, mas impotentes para contornarem o protocolo do VAR.

O VAR pode reverter qualquer decisão errada?

Não. Além da premissa de “erro claro e óbvio”, o VAR só pode actuar em quatro áreas: pontapés de penálti (por exemplo infracções mal assinaladas ou por assinalar), cartões vermelhos directos (mal exibidos ou por exibir), situações de golo (por exemplo haver uma infracção antes de um golo) e erro de identificação de jogadores (o árbitro exibir um cartão ao jogador errado, por exemplo).

Árbitro pode recusar indicação do VAR?

Sim. Em casos de lances factuais (como foras-de-jogo), o árbitro aceita, geralmente, a indicação do VAR. Em lances de interpretação, o árbitro é desafiado a ver o lance num monitor e pode, depois, corrigir a sua decisão inicial. Ou mantê-la.

Pode ser o árbitro de campo a pedir para ver imagens?

Sim. O protocolo do VAR prevê que possa ser o árbitro de campo a iniciar a comunicação, pedindo para ir ver imagens de um lance que lhe suscitou dúvidas. Ainda assim, a larga maioria das revisões é feita no sentido VAR-árbitro e não árbitro-VAR.

Podemos ouvir as comunicações entre o VAR e o árbitro?

Não. Neste momento, a comunicação entre o árbitro e o VAR não é pública. Ainda assim, já existe abertura da FIFA e do International Board (comissão que elabora as Leis do Jogo) para que o público possa ouvir a comunicação – como aconteceu, como um teste, no Mundial de Clubes.

Este plano não eliminaria os erros, mas permitiria, consideram os apoiantes da medida, haver maior transparência – jogadores, treinadores, dirigentes, adeptos e imprensa poderiam saber por que motivo o VAR e o árbitro decidiram da maneira X ou Y. Em Portugal, os clubes (alguns) não estão interessados nisso.

Estão a ser pensadas outras melhorias?

Sim. Uma das medidas mais em evidência é a possibilidade de um segundo amarelo, e consequente cartão vermelho, poder ser alvo da acção do VAR, algo que neste momento não é permitido.

Outra das medidas, talvez menos provável, é que seja alargada a área de actuação do VAR, para que não se limite a “erros claros e óbvios”. A ideia seria ser dada abertura ao VAR para chamar o árbitro de campo em lances de dúvida. O árbitro poderia rever as imagens e chamaria a si a responsabilidade de decidir. Os erros diminuiriam, por certo, mas o tempo perdido em revisões aumentaria exponencialmente, porque haveria mais revisões por jogo. Entre o balanço de prós e contras sairá a decisão de quem manda nas regras do futebol.

*** Não sei se isto esclarece todas as dúvidas, mas parece-me, no que à agressão de Di María a Pote diz respeito, entre outros lances semelhantes, a chave para uma avaliação correcta e completa centra-se no diálogo que existiu entre o árbitro Artur Soares Dias e o VAR Luís Godinho, algo que nunca saberemos, porque o Conselho de Arbitragem nunca o irá divulgar, pela óbvia inconveniência.

Se partirmos do princípio que Luís Godinho comunicou a Soares Dias que a sua inacção foi um "erro claro e óbvio" - o protocolo estipula que o VAR pode actuar referente a "cartões vermelhos directos (mal exibidos ou por exibir)" - então o ónus recai inteiramente em Soares Dias.

Ele já tinha sido recomendado para o jogo da Liga Europa entre o Bayer 04 Leverkusen e o West Ham United desta quinta-feira. A sua actuação no dérbi não alterou esta nomeação, até porque entretanto a UEFA anunciou-a. Mas qual é o significado de ter sido relegado para o Mafra-Feirense da 2.ª Liga, enquanto Luís Godinho vai trabalhar o Estrela da Amadora-Rio Ave da 1.ª Liga?

publicado às 03:34

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14 comentários

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De Leão do Norte a 12.04.2024 às 08:58

Continuo na dúvida sobre se o árbitro, por indicação do VAR, é obrigado a visualizar as imagens.
Continuo a pensar que o protocolo expressamente não obriga o árbitro a visualizar as imagens por indicação do VAR. Acredito que o árbitro, como entidade máxima na condução de um jogo de futebol, tem autonomia para decidir, de forma individual, a orientação a seguir em relação às indicações que recebe. Mesmo a ida ao monitor visualizar as imagens.
Se Luís Godinho deu a indicação a Soares Dias para visualizar as imagens da agressão do Di Maria ao Pote e este se recusou a vê-las, é uma dúvida que, na minha opinião, nunca será esclarecida.
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De Rui Gomes a 12.04.2024 às 10:30

Claro que nunca será esclarecido, o CA nunca disponibilizará o áudio da conversa entre eles.
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De Jorge a 12.04.2024 às 15:51

Relativamente à questão do Godinho ter ou não chamado o ASD, parece-me obvio que chamou.

Por uma razão: se não tivesse chamado a atenção ao ASD, porque razão iria ele chamar o Di Maria 2 ou 3 min depois, quando ele se preparava para marcar o canto para lhe aconselhar calma (aparentemente) quando inicialmente nada marcou e supostamente nada viu?

A mim parece-me que o ASD foi chamado e optou por não ir ver para não ficar ligado ao resultado, expulsando um jogado na primeira parte quando o Benfica já perdia 1-0. Estou a assumir que nada viu em campo, embora não ponha as mãos no fogo.
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De Rui Gomes a 12.04.2024 às 19:02

Também não duvido que ele alertou Soares Dias e que este o ignorou.
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De Mike Portugal a 12.04.2024 às 10:00

Por isto é que eu digo que deveria ser implementada a regra dos clubes poderem fazer "challenges" a 4 decisões do árbitro por jogo. Digo 4 porque me parece um número justo.

Cada clube poderia contestar um amarelo dado ou por dar, um vermelho dado ou por dar, um lance de penalty que o árbitro deu ou que não, etc...

Assim acabava-se com a palhaçada do VAR não poder fazer nada.
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De Rui Gomes a 12.04.2024 às 10:26

Uma das coisas que eu mais detesto nas modalidades é as interrupções.

A permitir 4 "challenges" por equipa por jogo significa 8 interrupções.

Nunca irá acontecer!
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De Mike Portugal a 12.04.2024 às 10:58

Que sejam só 3 ou só 2, mas seria muito mais justo.
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De Rui Gomes a 12.04.2024 às 19:01

Como eu já referi, o problema é as interrupções ao jogo.

Nos play-offs do voleibol em que isso existe, dois por equipa por set, as paragens são frequentes. E depois ainda há os time-outs, também dois por set.
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De Diz verdades a 12.04.2024 às 10:11

Veio o var ,o sistema ficaram assustados, conseguiram contornar aí cinquenta por cento, o var só serve para os fora de jogo, portanto é mais do mesmo, sistema continua bem vivo
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De Rui Gomes a 12.04.2024 às 18:58

Se só serve para os fora de jogo, serve para muito pouco.
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De Fernando Pais a 12.04.2024 às 16:06

Já comentei em outro post
e focando-me nas nomeações, tudo me leva a crer que o Godinho alertou o Soares Dias para a este lance, o qual o senhor Soares Dias, no alto da sua sombranceria, não ligou nenhuma, indo ter com o jogador agressor encenar um acto de teatro. O que lhe terá dito ? "Desta vez passas, mas se fizeres outra igual, ponho-te na rua". Do que é que Conselho de Arbitragem têm medo para não esclarecer o que aconteceu? Estão com medo nas próximas eleições, serem corridos. Eles sabem que façam o que fizerem, nada lhes acontece.
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De Rui Gomes a 12.04.2024 às 18:57

Fundamentalmente, não querem que a "porcaria" venha cá para fora.
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De Rocha Rocha Rocha a 12.04.2024 às 18:42

So não entendo a postura do C.A. ? Desta vez não elaborou um comunicado
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De Rui Gomes a 12.04.2024 às 18:56

Os comunicados só aparecem quando a intenção é de "beliscar" o Sporting.

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