Ainda Cristiano Ronaldo...

Rui Gomes, em 31.03.23

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Na realidade, este meu escrito não tem a ver exclusivamente com Cristiano Ronaldo, mas não deixa de vir a propósito do muito que foi dito aqui em sequência do post de ontem do nosso colega Nação Valente.

Eu tenho uma perspectiva muito simples sobre atletas de alto nível, os chamados 'craques' e actores de cinema, especialmente os lendários.

As suas vidas particulares e muito do que ocorre fora das suas respectivas arenas de acção interessam-me pouco ou nada, o que eu mais valorizo é o que me oferecem no exercício das suas profissões, através de dotes pessoais deveras excepcionais.

Sou um grande admirador de Mel Gibson, quem eu considero um dos melhores actores da nossa geração. O facto de constar que tem problemas com alcoolismo, não me interessa e não afecta a minha estima pelo actor.

No caso de Cristiano Ronaldo, preferia não ver tanto da sua vida particular e familiar na praça pública, mas também reconheço que é muitíssimo bem remunerado para esse fim, muito além de ter sempre os holofotes mediáticos sobre si.

De resto, as suas mulheres, os seus filhos, os seus carros e afins, não afectam o meu apreço por quem eu considero o melhor futebolista português de sempre e um dos melhores da história do futebol mundial. Nunca haverá outro como ele em Portugal!

Na minha opinião, não há um único português que tenha justa causa para dizer mal deste já lendário jogador, por tudo o que ele realizou e contribuiu, individual e colectivamente, para o futebol português e até para o país, por esse mundo fora.

Que haja quem o ousa fazer, não é mais que uma clara e evidente ilustração da muito triste mentalidade portuguesa, reconhecida, há muito, por gostar de denegrir todos aqueles que têm sucesso.

publicado às 03:04

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27 comentários

De Naçao Valente a 31.03.2023 às 12:49

Amigo Rui

A questão que levanta sobre aqueles que nas várias áreas do espetáculo, se tornam famosos pela sua visibilidade, é uma evidência. Todos nós temos admiração e simpatia por determinados artistas, seja na área do desporto do cinema, da música, e de outras artes. Isso parece-me normal no nosso "modus vivendus". O que não considero normal, é esquecermo-nos que não deixam de ser humanos, com virtudes e defeitos, e "endeusá-los", acabando por os considerar acima de qualquer crítica.

Concordando que não me interessa a vida privada dos ditos "astros", nem invejo o seu dinheiro que ganharam com o seu valor, considero que em algumas situações se valorizam para além daquilo que realmente fazem. Não ponho em causa o que Ronaldo fez por Portugal no mundo do futebol, que isso deu visibilidade ao país, sobretudo entre os cidadãos que se interessam por esse desporto, ou o que, noutra área o que fez Amália no mundo da música. Satisfazem o nosso orgulho nacional, mas extrapolar estes feitos específicos, numa determinada área do espectáculo para o interesse geral do pais, não percebo, e parece-me exagerado.

De que forma é que a carreira de qualquer "famoso" contribuiu para o que é fundamental na vida de um país? Contribui para o seu desenvolvimento económico? Contribuiu para o seu nível de vida. Contribuiu para diminuir as disparidades sociais. Contribuiu para diminuir a pobreza? Estas entre outras são questões fundamentais, para as quais os "craques" de qualquer área, não contribuem, a não ser marginalmente. Pessoalmente valorizo mais quem faz alguma coisa pelo bem-estar geral dos cidadãos.

Também não percebo quais são os critérios que são utilizados para considerar Ronaldo o melhor jogador de todos os tempos, incluindo os que anda nem nasceram. O futebol existe há mais de cem anos. Já ontem contestei esta avaliação, numa resposta dada ao Julius., e não me vou alongar. Apenas acrescento que considerar Ronaldo o melhor da sua geração e do seu tempo me parece razoável, embora também seja subjectivo.

As minhas desculpas pelas discordâncias, mas estas fazem parte da visão que temos das coisas. E sem ter a veleidade de ser dono de qualquer verdade, aceito as opiniões diferentes como motor do progresso. A área do espectáculo desempenha um papel importante na nossa vida, mas não mais que isso, na relatividade das coisas.

De Rui Gomes a 31.03.2023 às 12:59

Amigo Nação Valente,

Eu não ignoro que além de atletas e actores são seres humanos e, como tal, com virtudes e defeitos. Mas o que conta para sim, salvo algo de ordem excepcional, é o que me oferecem na arena das suas acções profissionais.

Quanto ao estatuto que a maioria dá a Cristiano Ronaldo, basta ver todos os recordes, e não são poucos, que ele bateu ao longo da sua carreira. Se isso não conta, qual é o barómetro adequado?

Por qualquer motivo, podemos não simpatizar com o homem, mas não podemos ignorar os seus feitos.

De Naçao Valente a 31.03.2023 às 19:26

Amigo Rui

Nesta vida e quando pensamos pela nossa cabeça, nem sempre estamos de acordo, e isso deve ser encarado com naturalidade. Eu respeito todas as opiniões, mesmo as que levam para o debate aspectos pessoais, etiquetando oquem discordam..

Neste sentido, respeito a apreciação que faz (assim como outros) de Cristiano Ronaldo, considerando-o o melhor jogador de sempre. Dê-me o direito de discordar, porque não consigo comparar o incomparável. Os atletas que fundaram o futebol, com balízas às costas, e os que se lhe seguiram até este ser uma indústria movida a dinheiro, não podem competir com quem tem as condições que hoje existem. E será que esses atletas, actuando em contextos completamente diferentes, podem ser avaliados por parâmetros que não existiam?

Ronaldo fez grandes feitos desportivos e continua, a fazer como bem diz, no contexto em que vive. É uma verdade incontestável. E as centenas, milhares que fizeram a história do futebol devem ficar fora dessa apreciação, ou ser avaliados, à luz do contexto actual? Nesse aspecto perdem sempre, até porque não podem bater recordes que não eram plausíveis.

Em relação ao que chamamos futuro, pela lei da vida não estaremos cá para o ver, e portanto ninguém pode dizer se não aparecerá quem bata mais recordes.

Termino com uma nota de humor, porque às vezes dramatizamos de mais acontecimentos que valem o que valem. Quem sabe se CR7 num próximo século não volta (numa reencarnação), para bater mais recordes?

De Rui Gomes a 31.03.2023 às 22:51

"Termino com uma nota de humor, porque às vezes dramatizamos de mais acontecimentos que valem o que valem. Quem sabe se CR7 num próximo século não volta (numa reencarnação), para bater mais recordes?"