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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.

O escritor Alves Redol (n. 1911, f. 1969) teve sempre grande interesse pelo desporto e pela sua divulgação. Colaborou com colectividades desportivas nos locais onde viveu, praticou futebol e basquetebol, participou na criação do Clube União Futebol Académica e foi dirigente e conselheiro técnico de futebol no Sport Lisboa e Vila Franca. Ao mesmo tempo, sendo um dos fundadores do Neo-Realismo português, publicou romances, colaborou em jornais, na rádio e no Teatro-Estádio do Salitre, escreveu peças de teatro e diálogos de um filme sobre a vida ficcionada de um futebolista (“Bola ao Centro”, 1947) e de “Vidas sem Rumo”, 1956, dedicou-se à Etnografia, organizou os “Passeios no Tejo” e trabalhou em publicidade.
Tendo jogado à bola e brincado às touradas na juventude no Largo da Aclamação da República, em Vila Franca de Xira, Alves Redol emigrou para Angola em 1927, com dezasseis anos idade. Nessa altura jogou futebol no Sporting e no Atlético de Luanda e foi um dos fundadores da equipa de basquetebol do Sporting de Luanda. No final de 1930 contraiu malária e adoeceu gravemente. Voltou para Portugal poucos meses depois, “mais para a morte do que para a vida”, ficando limitado para o resto dos seus dias e sem poder praticar desporto.
Depois do regresso, Alves Redol foi viver para a sua terra natal, Vila Franca de Xira, onde criou e dirigiu o “Goal - semanário ribatejano de desporto, arte e literatura”. No editorial do primeiro número (11.1.1933) considerou que vinha suprir a ausência de um jornal nessa matéria, prometeu “vitalidade moça, cheia de entusiasmo, repleta de espírito moderno” e “independência crítica”. Finalmente, assumiu que no semanário “só conhecemos uma ambição e só lutamos por uma causa: o Desporto”, cuja prática considerava ter virtudes revolucionárias na formação do carácter humano. O semanário estabeleceu como desígnio “auxiliar todos os clubes ribatejanos que se dediquem à prática do desporto”.
Os clubes do Ribatejo, o futebol e as diferentes modalidades desportivas constituíram a temática dominante do novo periódico que assumiu, desde logo, a necessidade da defesa e divulgação do desporto por ser um “espectáculo sublime da força física que garante a consolidação da força moral” (18.1.1933). O “Goal” defendeu que nas escolas e nos liceus portugueses seja ministrada “uma ginástica racional e inteligente que nos dê a certeza consoladora de que o mal se afasta, dando lugar a uma nova era de rejuvenescimento” (16.3.1933). Saíram pelo menos dez exemplares, o primeiro em 11 de Janeiro de 1933 e o último em 23 de Março de 1933. Aparentemente, o nº 10 foi o derradeiro número do jornal a ser publicado pois não há registo de outro posterior a esse.
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