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Ar fresco... o atleta e o homem

Naçao Valente, em 30.03.23

Gosto de ver futebol e aprendi a reconhecer os grandes talentos que ao longo dos tempos se imortalizaram pela sua genialidade. Lembro, sem menosprezo por nenhum dos outros, Pelé, Eusébio e Maradona. Mais recentemente sobressaíram Cristiano Ronaldo e Messi. A ordem dos factores é arbitrário. No entanto, o reconhecimento das suas valias, acima da média, não implica qualquer tipo de adoração que alguns adeptos cultivam, de cariz quase religioso. Aliás, dou-me à consideração de separar o homem do atleta. Este caracteriza-se pela sua competência técnica, o outro pela sua humanidade, onde a humildade e a gratidão assumem papel relevante.

Screenshot (63).png

Este texto vem a propósito da recente polémica gerada depois do último jogo da Selecção nacional de futebol, após Ronaldo ter mandado uma farpa ao anterior Seleccionador, que sempre o privilegiou, e com o qual se incompatibilizou depois de “birras” no Mundial. A expressão “ar fresco” teve a discordância de Bruno Fernandes.

O saudoso Manolo Vidal afirmou após a ida de Simão Sabrosa para o Benfica, que tivemos êxito na formação do atleta, mas falhámos na formação do homem. Esta afirmação pode aplicar-se a outros jogadores formados no Clube, o que acaba por comprovar que o que move estes atletas (haverá alguma excepção?) é sobretudo o dinheiro. Por outro lado, o treinador Manuel José manifestou a sua opinião sobre a expressão de Ronaldo. De uma forma frontal e até bastante agressiva disse:

«Ar fresco era se tirassem o Ronaldo da Selecção. É impressionante, mas ele esqueceu-se das origens. Portou-se mal com Fernando Santos, com os colegas e com os portugueses. Tem um cifrão em cada olho. O seleccionador tem de ter carácter e personalidade para lhe fazer perceber a idade que tem, que está a representar um país e que tem de dar exemplos de humildade. O Bruno Fernandes só disse a verdade e colocou-o no devido lugar».

Sem ter qualquer simpatia pessoal por Fernando Santos, e sem o admirar como técnico de futebol, tenho de manter gratidão pelo que conquistou com a nossa Selecção. Da mesma forma, agradeço a Ronaldo o contributo que deu à nossa equipa nacional, que sem dúvida gosta de representar.

Isso não invalida que não dê alguma razão a Manuel José, mau grado o tom, sobre a falta de humildade do atleta, considerando-se como inamovível e superior, e que aproveitando um jogo que correu bem, não resistiu a fazer uma “vingançazinha” a quem teve a coragem de o confrontar, como sendo apenas mais um. No entanto, não iria tão longe, excluindo-o da Equipa das Quinas. Deve lá estar enquanto o seleccionador entender e desde que não se considere “prima dona”.

A atitude, que não abona nada em seu favor como pessoa, acaba por prejudicar a própria Selecção, gerando polémica desnecessária, mas valorizando o seu ego. Desta forma, talvez não se possa considerar “ar fresco” mas ar contaminado.

P.S.: Sem pôr em causa o desejo da mãe de Cristiano Ronaldo, de o ver acabar a carreira no Sporting, nunca acreditei que fosse essa a sua real vontade, pela simples razão que não existem condições para lhe pagar o que pode ganhar. E não o vejo a jogar “pró-bono”. Ao invés, fiquei agradado com a afirmação de Pedro Porro ao dizer que em Portugal só jogará no Sporting. E nem é da nossa formação. Muito raro. Tiro-lhe o chapéu.

publicado às 03:04

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78 comentários

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De Leão do Norte a 30.03.2023 às 11:50

Caro amigo Nação Valente,

Onde se foi meter!
Ronaldo é quase uma religião. Amado por muitos, odiado por uns quantos, é difícil emitir opinião sobre o seu comportamento sem despertar emoções.
A presença de Cristiano Ronaldo sempre significou "ar fresco", principalmente ao nível do talento, do profissionalismo, das conquistas desportivas... mas, nos últimos tempos, tem efectuado declarações e adotado comportamentos que não enriquecem o seu curriculum.
Só ele sabe o motivo de tais comportamentos e tem plena consciência das suas consequências, mas os adeptos, até pelo seu percurso futebolístico, têm legitimidade para questionar essas atitudes recentes, sem que isso coloque em causa a avaliação que fazem do seu passado.
Pessoalmente não gosto de o ver com atitudes que subentendem ajuste de contas. O seu percurso é tão diferenciado que o eleva para outro nível de actuação.

Sem que isso represente qualquer juízo de valor em relação ao seu sportinguismo, também nunca depositei grande esperança no regresso de Cristiano Ronaldo ao Sporting. Ele, independentemente das suas motivações, é um fenómeno à escala planetária e a vinda para a realidade portuguesa implicaria muitíssima boa vontade. E não há sportinguismo ou boa vontade que possa competir com tudo o que "o resto do mundo" lhe pode oferecer.
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De Naçao Valente a 30.03.2023 às 15:15

É verdade amigo Leão do Norte, "onde me fui meter", mas ao fazê-lo tinha plena consciência que ia ser polémico até como se pode ver pelos comentários. De facto, Ronaldo assume foros de um "deus" idolatrado por muitos, mas também "odiado" por outros. Qualquer religião provoca esses extremos.

Foi um assunto que resolvi abordar porque despoletou reacções públicas que não abonam em favor do próprio e criam ruído na Selecção Nacional, que ainda agora iniciou uma nova fase, com um novo Seleccionador. E, na minha perpectiva, para desvalorizar o anterior técnico, por questiúnculas pessoais, acaba por não beneficiar o actual. Espero que não passe de um episódio isolado.

Completamente de acordo com o seu último parágrafo, uma questão fulcral, que sintetiza o percurso do jogador.

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