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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Gosto de ver futebol e aprendi a reconhecer os grandes talentos que ao longo dos tempos se imortalizaram pela sua genialidade. Lembro, sem menosprezo por nenhum dos outros, Pelé, Eusébio e Maradona. Mais recentemente sobressaíram Cristiano Ronaldo e Messi. A ordem dos factores é arbitrário. No entanto, o reconhecimento das suas valias, acima da média, não implica qualquer tipo de adoração que alguns adeptos cultivam, de cariz quase religioso. Aliás, dou-me à consideração de separar o homem do atleta. Este caracteriza-se pela sua competência técnica, o outro pela sua humanidade, onde a humildade e a gratidão assumem papel relevante.
Este texto vem a propósito da recente polémica gerada depois do último jogo da Selecção nacional de futebol, após Ronaldo ter mandado uma farpa ao anterior Seleccionador, que sempre o privilegiou, e com o qual se incompatibilizou depois de “birras” no Mundial. A expressão “ar fresco” teve a discordância de Bruno Fernandes.
O saudoso Manolo Vidal afirmou após a ida de Simão Sabrosa para o Benfica, que tivemos êxito na formação do atleta, mas falhámos na formação do homem. Esta afirmação pode aplicar-se a outros jogadores formados no Clube, o que acaba por comprovar que o que move estes atletas (haverá alguma excepção?) é sobretudo o dinheiro. Por outro lado, o treinador Manuel José manifestou a sua opinião sobre a expressão de Ronaldo. De uma forma frontal e até bastante agressiva disse:
«Ar fresco era se tirassem o Ronaldo da Selecção. É impressionante, mas ele esqueceu-se das origens. Portou-se mal com Fernando Santos, com os colegas e com os portugueses. Tem um cifrão em cada olho. O seleccionador tem de ter carácter e personalidade para lhe fazer perceber a idade que tem, que está a representar um país e que tem de dar exemplos de humildade. O Bruno Fernandes só disse a verdade e colocou-o no devido lugar».
Sem ter qualquer simpatia pessoal por Fernando Santos, e sem o admirar como técnico de futebol, tenho de manter gratidão pelo que conquistou com a nossa Selecção. Da mesma forma, agradeço a Ronaldo o contributo que deu à nossa equipa nacional, que sem dúvida gosta de representar.
Isso não invalida que não dê alguma razão a Manuel José, mau grado o tom, sobre a falta de humildade do atleta, considerando-se como inamovível e superior, e que aproveitando um jogo que correu bem, não resistiu a fazer uma “vingançazinha” a quem teve a coragem de o confrontar, como sendo apenas mais um. No entanto, não iria tão longe, excluindo-o da Equipa das Quinas. Deve lá estar enquanto o seleccionador entender e desde que não se considere “prima dona”.
A atitude, que não abona nada em seu favor como pessoa, acaba por prejudicar a própria Selecção, gerando polémica desnecessária, mas valorizando o seu ego. Desta forma, talvez não se possa considerar “ar fresco” mas ar contaminado.
P.S.: Sem pôr em causa o desejo da mãe de Cristiano Ronaldo, de o ver acabar a carreira no Sporting, nunca acreditei que fosse essa a sua real vontade, pela simples razão que não existem condições para lhe pagar o que pode ganhar. E não o vejo a jogar “pró-bono”. Ao invés, fiquei agradado com a afirmação de Pedro Porro ao dizer que em Portugal só jogará no Sporting. E nem é da nossa formação. Muito raro. Tiro-lhe o chapéu.
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