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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Nesta rubrica, o leitor tem a oportunidade de apreciar - e se entender, criticar as notas (0-6) que eu atribuí aos jogadores do Sporting CP e a outros intervenientes do jogo com o PSV EINDHOVEN da segunda jornada da Liga dos Campeões, que resultou num empate 1 - 1 Golo de Daniel Bragança 84'.
LEÕES SEM GARRAS NAS BOTAS EMPATAM NUM CAMPO ARMADILHADO
Valeu a ponta final do leão numa noite complicada, em que teve no estranho relvado do Philips Stadion o seu maior adversário pela sessão extraordinária e muito bizarra, de escorregadelas recorrentes dos jogadores leoninos e que divertiu à grande o público neerlandês nas bancadas. O empate acabou por ser positivo e com sabor a mel, face a tudo o que aconteceu na partida. A equipa de Amorim lidou muito mal com a pressão alta do PSV, perdeu a maioria dos duelos e raramente conseguiu sair com bola, com os médios do centro a serem facilmente anulados, principalmente por as botas não terem aderência ao piso estranhamente muito escorregadio. O banco acabou por salvar a equipa de males maiores, com as quatro substituições (Quaresma, Bragança, Harder e Maxi) a darem uma excelente resposta, a dividirem finalmente o jogo sobre a batuta do maestro Daniel Bragança que fez o golo do empate, já perto do final.
DESTAQUE - DANIEL BRAGANÇA - 5 - A sua entrada foi decisiva e só peca por tardia (a inadaptação do Geny foi clara desde o início). Trouxe as garras que faltaram à maioria dos colegas da equipa. Bem grudado no terreno assumiu o comando das operações ligando o jogo da equipa finalmente com a linha da frente, dando recital de bem jogar futebol, com cérebro, músculo, técnica e arte no passe a rasgar o adversário ou a sair solto com a bola colada nos pés na direcção da baliza adversária. Fez o golo do empate num lance genial e que gelou as bancadas.
FRANCO ISRAEL - 5 - Conquista cada vez mais os adeptos, que já lhe reconhecem o lugar da baliza do Sporting. Muito seguro e com um punhado de boas defesas.
GEOVANY QUENDA - 5 - Contrariou totalmente a versão de que a inexperiência está na pouca idade. Foi o mais jovem em campo e foi o melhor em tudo o que fez, personalidade, técnica, táctica e irreverência, só mesmo o golo importante do empate do Daniel, lhe sacou o destaque.
ZENO DEBAST - 1 - Noite desastrada e que lhe irá servir bem para meditar. Vários erros consentidos em que terá que evoluir forçosamente, principalmente neste tipo de patamar elevado de competição. Duas muito más decisões ligou-o aos momentos mais negativos da equipa, o golo sofrido (nunca deveria ter escolhido o Geny para aquele passe) e depois com a lesão (grave?) do Diomande.
OUSMANE DIOMANDE - 3 - Até ao momento azarado da lesão estava a fazer bem a sua parte e a crescer na partida na confiança.
GONÇALO INÁCIO - 2.5 - Teve início difícil e paupérrimo, encolhido com medo do risco, do passe entre linhas, bloqueou várias saídas da equipa convidando com isso o adversário a ganhar confiança para a pressão alta, dando-lhe o timing do acerto das marcações à primeira linha do Sporting. Melhorou na segunda etapa do jogo, mas não o suficiente para merecer uma nota positiva. É verdade que teve um bom índice de passes acertados, mas a maioria foi para trás e para os lados sem risco.
NUNO SANTOS - 2 - Neste nível de exigência ficam mais à tona as suas insuficiências técnicas e bem alarmantes como mostrou em alguns lances.
MORTEN HJULMAND (Cap) - 3 - Nunca conseguiu verdadeiramente entrar no seu "endurance futebolístico" de patrão do centro do terreno, passou ao lado do seu jogo que tão bem conhecemos. Faltou-lhe muita confiança no passe e os apoios dos colegas que raramente funcionaram. Desgastou-se em missões extra, na tentativa de tapar os buracos que o Geny foi criando na primeira parte.
HIDEMASA MORITA - 3 - Foi o elemento da equipa mais esclarecido na primeira fase do jogo, parecia que arrancaria para uma grande noite, mas estranhamente foi se eclipsando até acabar por perder uma boa parte da influência do que deveria ser a sua missão de jogo. Deu a ideia de ter entrado em modo de grande desgaste.
FRANCISCO TRINCÃO - 3.5 - Na primeira parte a equipa passou por várias fases muito cinzentas e só ele teve a capacidade e a audácia de carregar a equipa para a frente nesses momentos difíceis, tem esse mérito, pena ter errado com más decisões na maioria dos lances.
GENY CATAMO - 1 - Um equivoco na estratégia em que chumbou com estrondo, mostrou a todo o mundo que não sabe jogar de costas quando pressionado em cima, nestes casos é bem preferível soltar de imediato a bola e não tentar rodar com ela, foi marginalizado pelo Schouten que facilmente o engoliu, tirando-o do jogo. A equipa jogava praticamente com 10 elementos e deveria ter saído ainda durante a primeira parte. Directamente ligado ao lance do golo sofrido, após passe deficiente do Zeno Debast.
VIKTOR GYOKERES - 3 - Foi uma noite sem Gyökeres no jogo, não demorou a perceber a armadilha do terreno e perdeu muito a confiança, sentiu-se peixe fora de água quando se esforçava por se equilibrar nos duelos, dando por isso vantagem clara ao adversário na disputa. Teve receio de lesionar-se e por isso optou por não forçar.
EDUARDO QUARESMA - 5 - Entrou a substituir o infortunado Diomande e viveu uma noite alucinante, mostrou a sua fibra em que ninguém passa por ele. Vestindo a pele de um leão com garras bem afiadas travou luta hercúlea com os que lhe apareceram pela frente. Passou perto das portas do céu, num momento mágico e que provocou um silencio brutal a todos no estádio, mas as armadilhas do terreno roubaram-lhe o golo da glória. Depois passou as portas do inferno, mas dessa vez foram os deuses que deram uma ajuda.
CONRAD HARDER - 3 - Entrada forte e decidida, dando a ideia que deveria ter entrado muito mais cedo, teve dois lances que podiam ter dado golo, obrigando o Walter Benitez a defesas de recurso.
MAXIMILIANO ARAÚJO - 3.5 - Demonstrou que é de facto uma opção muito válida e até já estará por cima do Nuno Santos. Possui uma capacidade invulgar de drible, difícil de contrariar, galgando em simultâneo e com facilidade no terreno. Fez a assistência para o fuzilamento do Bragança para o golo do empate.
RÚBEN AMORIM - 3.5 - Teve alguns equívocos, falhou redondamente no plano que tinha para o Geny, na esquerda a entrar para dentro e receber a bola de costas com marcação em cima e que devia ter corrigido ainda antes do intervalo. Depois com os médios engolidos e bloqueados no meio campo o jogo pedia a entrada rápida do Daniel e que tardou a entrar, também o Nuno Santos esteve muito apagado, num claro sub rendimento, com tremendas dificuldades em levar a bola mantendo-se demasiado tempo em campo. O golo do empate que soma os quatro pontos na classificação foram a única boa notícia de uma noite meio acinzentada.
PETER BOSZ - 3 - A sua equipa de facto fez uma grande pressão sempre alta e com muita intensidade, mas os principais lances de perigo que criaram foram mais consentidos pela defesa do Sporting que construídos pela sua equipa. Já levam dois jogos na competição e ontem foi o primeiro ponto que conquistaram naquele misterioso terreno, em que só eles sabem como funciona, só eles não escorregam. Ajuda a explicar como o PSV não perde em casa há 41 jogos, agora 42.
MARCO GUIDA (Árbitro) - 3.0 - Geriu o jogo à moda caseira, em lances idênticos para decisões diferentes, permitindo que os neerlandeses abusassem muito em meter o pé, várias vezes de forma faltosa em que fez vista grossa. Faltou a expulsão de Malik Tillman por entrada negligente.
ALEANDRO DI PAOLO (VAR) - 3.5 - Sem casos para análise deixou o jogo correr sem qualquer intervenção.
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