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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Ao cair do pano, a pressão era muita e o remate de difícil execução, sem hipótese de preparação e de ângulo reduzido – na sequência de um portentoso passe longo do jovem Nuno Mendes. Mas Cristiano Ronaldo esteve ao seu usual nível, enviou a bola para a baliza e fê-la ultrapassar claramente a linha final, logrando aquilo que daria a vitória a Portugal. Com régua e esquadro não se faria melhor! Só que o jogo era da FIFA e de qualificação para o Mundial, pormenor de somenos, pelo que nem tinha um árbitro assistente capaz – o homem correu até à bandeirola de canto e fechou os olhos… – nem VAR, nem sequer a já vetusta tecnologia da linha de golo. Como é possível? E o juiz da partida, que não era português – ai se fosse! – fez igualmente vista grossa e evitou o meio apuramento que a derradeira proeza de CR7 nos daria. Se a palavra "roubo" se pode aplicar no futebol, e não se devia, é numa situação tão escandalosa como esta.
Pois apesar de tão enorme evidência, os "gremlins" das redes sociais, apoiados nalguns comentadores frustrados por não viverem em Turim, condenaram sem a berraria que os distingue a asneira do apitador, criticaram mansamente as opções de Fernando Santos – a entrada de Renato Sanches brada aos céus, é certo, mas depois de vencer o Europeu 2016 o engenheiro silenciou para a eternidade os ignorantes – e centraram-se em quê? Isso mesmo: na irritada saída de campo do capitão da Selecção! Como se ele não tivesse razão ao ver-se esportulado decaradamente de mais um golo histórico, obtido fora de casa e num momento decisivo da contenda. Ou como se lhe corresse nas veias sangue de barata e não interpretasse o grande sentimento de revolta que se apoderara da imensa maioria dos seus compatriotas.
Temendo que a gritaria não fosse suficiente, os invejosos da rede não se ficaram por aí, ampliando a sua indignação pelo facto de Cristiano, com o jogo terminado e à entrada dos balneários, ter atirado ao chão a braçadeira de capitão, esse glorioso e acrisolado símbolo da Pátria, que faz do Hino e da Bandeira simples apêndices da nacionalidade... Que falta de noção!
Perseguir Cristiano Ronaldo por atravessar uma fase menos feliz de forma, em boa parte devido aos deprimentes insucessos da Juventus, sublinhando que não marca pela Selecção há quatro jogos – que são realmente três porque no sábado ele fez o que lhe competia – é o passatempo preferido dos idiotas que sempre anunciam a morte sabendo muito bem que algum dia ela virá. Com a vacinação a correr bem, os novos casos de covid em queda e o desconfinamento progressivo a avançar, este pequeno tropeção da Selecção vem mesmo a calhar à cambada. E se amanhã não ganharmos ao Luxemburgo?... Por esta altura, deve haver por aí muitos grunhos em oração.
A terminar, um aceno para Rui Jorge e para o trabalho modelar que desenvolve nos Sub-21. Sim, não é só a selecção principal que tem aquele que é, porventura, o melhor plantel de equipas nacionais do Mundo. Também nos mais novos essa qualidade está presente, como se confirmou ontem com o belíssimo triunfo sobre os ingleses, que nos últimos anos vêm somando êxitos nos escalões jovens. Chapeau!
Artigo da autoria de Alexandre Pais, em Record
NOTA: Já tinha um post preparado para comentar o episódio com Cristiano Ronaldo, quando li a crónica semanal de Alexandre Pais, a qual subscrevo na íntegra. Confesso, no entanto, que preferia que CR7 não tivesse feito o que fez, mas depois do tanto que ele tem contribuído para elevar o futebol português ao longo dos anos, não lhe vou exigir perfeição em tudo.
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