Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O Sporting, contra ventos e marés, e contra as previsões mais optimistas, está em primeiro lugar no campeonato nacional, com algum avanço, e já tem no seu vasto currículo mais um troféu. É tempo de viver o momento com humildade e com a esperança que se prolongue. Mas este não é o tempo de manifestações de superioridade, de euforia e de arrogância. No futebol tudo muda muito rapidamente, e grandes euforias que se vão manifestando aqui e além, deixam-me preocupado, e leva-me a fazer esta reflexão.
Louvável e inteligente tem sido a estratégia comunicacional do nosso treinador, mantendo o seu objectivo exclusivo no jogo a jogo. Muito bem tem estado o presidente, mantendo-se basicamente em silêncio e não fazendo ruído. Tem falado pouco e deixado a mensagem aos protagonistas. Mas anteontem falou e borrou um pouco a pintura. Indo contra a corrente, considero que não esteve bem. Compreendo que pretendesse alertar, enquanto presidente, os adeptos, para não caírem em excessos de euforia, mas não resistiu a dar uma “bicada” nos adversários, com alguma, na minha interpretação, arrogância, mesmo disfarçada de ironia. E que fique claro que apoio e sempre apoiei o presidente, que foi a escolha livre dos associados.
Ainda me lembro do presidente anterior dizer, em 2015, que os adversários precisavam de jogar muito mais para ombrear connosco, quando íamos à frente da tabela. Todos sabem como acabou. Não gostei nada de ouvir o este presidente dizer que somos um “gigante”. De outra forma, está a cair na esparrela do anterior. Esta comunicação do líder, não me pareceu oportuna no timing, no local e no modo. O Sporting CP tinha acabado de ganhar um jogo difícil, com muito querer e muito empenho. Ganhou, mas poderia não ter ganho. Fiquei com a sensação que quis pôr-se nos bicos dos pés, de algum modo inebriado com os elogios justos que tem recebido. Humildade era comemorar a vitória. Ponto.
O lema do Sporting tem sido, até agora, e espero que continue: trabalho, vontade, entrega e humildade. A comunicação, exceptuando casos pontuais, como o caso Palhinha, deve ser para dentro e não para fora, para manter as hostes unidas. Começar a desviar o foco para os adversários pode permitir que estes se galvanizem.
Eu percebo que Frederico Varandas queira acentuar, que estamos a ganhar com mérito, contra adversários poderosos “dentro e fora do campo”. Eu, um simples adepto, já o tenho dito e continuo a dizê-lo, mas só me represento a mim mesmo. O presidente representa milhões de adeptos. Todos sabemos que existe o “sistema” mas não é esta a hora, a forma, nem o modo de o combater. Tocar a fera com vara curta pode dar mais resultado. Cada coisa no seu tempo e no seu lugar. A guerra contra o sistema é longa e não se faz com 'sound bites', faz-se com perseverança, paciência e inteligência.
O Sporting não deve seguir esse caminho. Deve continuar unido e competente a vencer dentro do campo. Para mais, para ser diferente, não pode entrar pelo comportamento dos adversários , porque corre o risco de abrir a porta para se unirem, criticarem e ganharem motivação, e perder credibilidade. Até agora a comunicação, feita por quem sabe, está a ser eficaz. Não a estraguemos, com o jogo falado, o que se está a ganhar com o jogo jogado. Que alguém tenha o bom senso de dizer ao presidente, que não estrague o que de bom se está a fazer, com a sua colaboração. Bom gosto e bom senso, precisa-se.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.