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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
É do conhecimento geral que existe uma agenda para a comunicação planeada e executada de modo a constituir um elemento estruturante do modelo de gestão desenvolvido por Bruno de Carvalho (BdC). Essa estratégia comunicacional dependeu numa primeira fase de José Quintela, vogal do Conselho Directivo com os pelouros da Comunicação, Marca e Reputação, e posteriormente foi entregue às empresas de comunicação YoungNetwork Group e WL Partners.
Uma agência de comunicação é especialista a fidelizar “consumidores” através de estratégias de marketing, produzindo conteúdos de acordo com o interesse do seu cliente. Neste caso, o cliente parece ser mais Bruno de Carvalho do que o Sporting Clube de Portugal.
No início era o Verbo, e no que se refere à estratégia de comunicação da presidência de Bruno de Carvalho, no início era José Quintela, director-geral da Quintela&Reis Consultores, empresa especializada em comunicação, vogal do Conselho Directivo e, durante algum tempo, director do jornal Sporting.
O mesmo Quintela que, referindo-se a sócios do nosso clube, escreveu esta jóia no jornal do Sporting, em 24.04.14: “Podemos vê-los como pseudo-sócios e adeptos, comentadores, mais ou menos ligados a outros grupos de interesse. Há para todos os gostos, tendo todos, em comum, uma agenda própria, geralmente oculta, onde os interesses supremos do Sporting são, quase sempre, ignorados.” O “Príncipe”, de Maquiavel, terá sido livro de cabeceira?
Entretanto, a estrela de José Quintela foi esmorecendo e o vogal desaparecendo das luzes da ribalta.
Em Abril de 2014 o Sporting anunciou que decidira “ajustar o seu modelo de gestão de conteúdos e plataformas de comunicação”, recorrendo à YoungNetwork Group para esse efeito. Esta agência de Comunicação já estava intimamente ligada à ascensão de BdC ao poder no Sporting e assessorava a direcção do clube, sendo-lhe entregue, também, a comunicação do Sporting nas suas diversas vertentes, nomeadamente o jornal e o site do clube, para além de vídeos, anúncios, promoções e movimentos de adeptos através da Carmen, agência criativa.
O final do ano de 2014 foi marcado com a polémica em torno do despedimento de Marco Silva. Nesses dias a confiança dos sportinguistas em BdC atingiu níveis preocupantes, que terá concluído sobre a necessidade de contratar um novo mensageiro.
Foi assim que surgiram, em Fevereiro de 2015, João Morgado Fernandes e a agência WL Partners no universo leonino, com a finalidade de mudarem algo de forma a permanecer o essencial. A justificação, como sempre, foi dada pelo próprio BdC, que enfatizou que a mudança será feita "através da contratação de uma empresa de comunicação especializada em relações com a comunicação social e gestão de crises. Uma empresa que trabalhe directamente comigo e que comece a assegurar, ao nível do Clube e SAD, uma comunicação estratégica, elevada e integrada, apoiada num conhecimento forte que já tem do, e no meio". Foi informado que João Morgado Fernandes assumiria a função que era até aí desempenhada por José Quintela, estabelecendo-se este apenas como vogal da direcção.
Soube-se mais tarde através de João Duarte, CEO da YoungNetwork Group, que esta agência continuaria a assegurar o jornal do clube e projectos de criatividade e comunicação.
Na estratégia comunicacional de BdC prevalece o princípio de que o importante é a versão, não o facto. Assim, ao espalhar uma versão dos acontecimentos é necessário divulgá-la confundindo a veracidade dos factos. Esta estratégia é favorecida pela poeira que se vai instalando com o tempo: esbate-se a cronologia da sucessão apocalíptica dos factos, o que permite a sua manipulação temporal e protegê-los com uma máscara favorável. Como diria Sun-Tzu, "toda a guerra é baseada no engano".
Mas, tudo isto tem um preço e cabe questionar quanto é que o clube está a gastar no outsourcing da comunicação. Para “isto” há dinheiro a rodos?
Concluo com o Padre António Vieira (Sermão da Sexagésima): “E então ver cabecear o auditório a estas coisas, quando devíamos de dar com a cabeça pelas paredes de as ouvir!”
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