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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Por força das circunstâncias do Sporting e muito mais ainda pela sua própria personalidade, é impossível esperar que Bruno de Carvalho passe um único dia sem falar publicamente, no entanto, seria prudente, e benéfico, tanto para ele como para o Clube, que aprendesse a nunca dizer tudo o que pensa, e a pensar tudo o que diz, para não ser acusado de primeiro falar, depois agir e, por fim, então, pensar.
Exemplos deste seu tipo de postura são inúmeros desde que assumiu a presidência do Sporting, mas para o caso até não interessa, já que o que se pretende evocar neste texto são algumas das suas palavras pela recém-visita à Madeira, onde mais uma vez surgiu a disparar em todas as direcções. Até admitiremos que tem tido algumas intervenções úteis e oportunas na defesa dos interesses do Sporting, embora duvide que mentes mais sensatas considerem que esta foi uma das suas mais brilhantes ocasiões:
«O Sporting tem um série de jogadores em fundo, como era mais do que sabido e tem presença nos vários relatórios. Tentamos fazer sempre os melhores negócios possíveis. Não tem nada a ver com nenhum jogador em especial. Já recuperámos os passes de muitos jogadores, uns na totalidade outros em grandes parcelas. Fala-se muito no William Carvalho. Mas ele é jogador do Sporting, tem contrato por mais cinco anos, esta Direcção fez um aposta muito forte no jogador, que andava a rodar no estrangeiro. Ele está reconhecido, gostamos bastante dele. É um brilhante jogador e não tenho dúvidas nenhumas que devia ser titular da Selecção Nacional. Não temos interesse nenhum em vendê-lo.»
A sua afirmação que esta Direcção já recuperou os passes de muitos jogadores é, no mínimo, discutível, mas como não me dei ao trabalho de averiguar os detalhes dessas supostas transacções, também não refuto a disposição, na totalidade. Assim de memória, sei que sobre os principais activos da equipa principal, tudo se mantém como ele encontrou quando assumiu a liderança do Sporting: Rui Patrício - o clube detém 65%; Marcos Rojo - 25% (em Outubro de 2013 tinha sido possível recuperar uma percentagem, mas não foi feito); William Carvalho - 60%; André Carrillo - 30%; André Martins 60%; Wilson Eduardo 60%; o passe de Eric Dier foi recuperado pela Direcção anterior e muito embora Carlos Mané tenha renovado até 2018, não averiguei qual a percentagem do seu passe que é da pertença do Sporting. Estes números podem sofrer alguns variáveis, pela minha faltosa memória.
O segundo ponto, e ainda não o principal motivo deste texto, refere-se à "aposta muito forte" alegadamente feita por esta Direcção em William Carvalho. Em abono da verdade, foi o mesmo tipo de aposta que foi feita em cerca de vinte outros jovens da formação, com a diferença que o William chegou ao Sporting em 2006 e tem vindo a ser um "produto" em desenvolvimento, tanto na Academia como através de cedências no estrangeiro. Mérito, sem dúvida alguma, para Leonardo Jardim que cedo identificou o seu progresso como futebolista e integrou-o, logo a partir do primeiro dia, nos trabalhos da equipa principal. É indiscutível que o seu treinamento tem contribuído, e muito, para o crescimento do jogador nesta fase crucial da sua carreira.
Por fim, a razão de ser deste escrito: «É um brilhante jogador (William Carvalho) e não tenho dúvidas nenhumas que devia ser titular da Selecção Nacional». Seria perfeitamente aceitável se tivesse dito que o jogador merece ser chamado à selecção para o Mundial 2014, agora mandar recado ao seleccionador que "deve ser titular", é imprudente, desrespeitoso e oferece o potencial para repercussões, especialmente para o jogador e, por associação, tanto para o Sporting como para a própria selecção, especialmente considerando quem é o seleccionador neste momento. Neste sentido, Bruno de Carvalho perdeu uma boa oportunidade para pensar antes de falar, ou então, ficar calado, algo que ele é incapaz de fazer, evidentemente.
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