De Marcos Cruz a 08.02.2016 às 22:42
Podíamos até ter perdido, não é isso o que me enfurece. A mim deixa-me doido é a falta de atitude, e quando digo atitude não me refiro apenas a luta, que a houve, mas a presença de espírito, discernimento, maturidade e ambição. De início, com as condições todas a nosso favor, nomeadamente uma moldura humana (mais uma) transbordante e fervorosa, parecíamos jogar sobre brasas, falhando recepções e passes, não ligando o jogo e, pior que isso, permitindo veleidades ao Rio Ave, que criou flagrantes ocasiões de golo. Dei por mim a gritar, como se os jogadores me ouvissem: "Estamos em Alvalade, porra!". Aí senti vontade de estar lá dentro, de comer a relva, de lutar até à exaustão pelo nosso símbolo. E porquê? Porque muitos deles, dos que lá estavam, não o fizeram. Não há como escamotear a realidade: o William tem défice de compromisso, dá pouco do que vale, e isso é inadmissível, enoja. Banco com ele. O João Mário, que tem brilhado, hoje parecia um azelha, surgindo bem apenas em pequenos lampejos, como aquele que precedeu o remate na cara do Cássio. Do Adrien não me ouvirão a dizer mal, embora tenha ficado muito aquém do que pode e sabe, mas no caso dele por nítida quebra física, hipercompreensível face à utilização recorrente e abusiva de que tem sido vítima, quantas vezes a levar a equipa ao colo. O Ruiz pode queixar-se do mesmo, para mais recolocado numa posição em que se exige a velocidade que ele já não tem. O Teo, honra seja feita ao Rui Gomes, que sempre o criticou, não mostra vontade sequer de justificar o ter permanecido connosco. Quanto ao Slimani, e a minha mágoa também reside nele, fez o segundo jogo seguido sem mostrar frieza, codícia, objectividade, parecendo afectado pelo caso que se montou à sua volta. Na defesa, muita tremideira. O Paulo Oliveira está estourado, tem de descansar. Não mostra velocidade, capacidade de antecipação, leitura correcta dos lances. Faz tudo em esforço. Ao Coates, para primeiro jogo, não se lhe podia exigir o mundo, mas também mostrou por que não vingou ao mais alto nível em Inglaterra. Na melhor das hipóteses, será um pinheiro defensivo com imponência para assustar os avançados, porém destituído de classe. O João Pereira, como é costume, esteve bem, ofensivo, disponível, sem descurar por aí além a defesa. Já o Marvin ainda se apresenta um pouco preso, não explode e tem dificuldade em ganhar a linha. A única boa surpresa da noite foi o Rúben Semedo, rápido, abnegado e assertivo. Promete. O Gelson agitou a partida, mas entrou tarde e com a pressão de ser decisivo em pouco tempo, o que não ajuda, sobretudo se o primeiro lance, como aconteceu, corre mal. Relativamente ao Barcos, tenho de ser sincero: não me entusiasmou. Dou-lhe o benefício da dúvida pela falta de treino e entrosamento, mas não me transmitiu grandes sensações. Parece um sucedâneo do Slimani, dá ideia de que o foram buscar só pelas semelhanças com o argelino. E sobra o Rui Patrício, que nos garantiu o nulo. Em termos gerais, uma exibição a mostrar que ainda não há estaleca em Alvalade para se almejar o título, e a dar a Jesus, em vão, claro, mais uma prova de que devia ter estado calado quando se pôs a arrotar postas de pescada. Que ninguém duvide do meu sportinguismo, mas ao ver o Benfica em franco e sustentado crescimento e o Sporting em nítida perda de fulgor e criatividade, tenho de tirar o chapéu a Rui Vitória.
De Marcos Cruz a 08.02.2016 às 23:06
Esse foi, sem dúvida, um factor importante. Gostava de que me explicassem o que ganhamos nós com a presunção, a arrogância e a sobranceria. É estupidez pura, característica de quem não tem estabilidade emocional, porque se a tivesse não precisava de gastar já créditos, guardava-os para o fim do campeonato, que é o que está a fazer o Rui Vitória. Aproveito para acrescentar uma ideia ao meu comentário sobre o jogo: já alguém percebeu porque é que não criamos perigo num dos muitos cantos que sistematicamente temos a nosso favor? Ui, o que isso me irrita! É sempre a mesma bola para o defesa colocado ao primeiro poste ou a sobrevoar a área até se perder para lá do segundo poste. Nesse aspecto, hoje o João Mário caprichou no desacerto, para não usar outra expressão. Como é possível ter continuado e continuado a marcar as bolas paradas, depois de tanta inépcia? Mas o Jesus é burro ou anda a dormir?!