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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Cipriano dos Santos terá sido o primeiro grande guarda-redes do Sporting. Chegou ao Clube em 1920 e estreou-se em 11 de Março de 1923 num jogo no campo do Clube Internacional de Foot-Ball, que o Sporting venceu 2-0, com golos de Rodrigues Ferreira e Jaime Gonçalves. O treinador era o luso-alemão Augusto Sabbo.
Cipriano deu imediatamente nas vistas por ser um jogador calmo e decidido entre os postes e valente nas disputas da bola com os adversários. Fotografias da época revelam-no atlético a saltar e a segurar com firmeza bolas altas. Possuía uma capacidade inata para jogar futebol, sendo capaz de jogar a bola com os pés com grande facilidade, uma competência técnica invulgar nos guarda-redes daquela época. Neste aspecto apenas António Roquete, do Casa Pia, seria melhor do que ele. A pequena área era sua, o seu território por excelência, onde fazia valer a sua elasticidade e a boa colocação na baliza. Como jogava de frente para a bola, falava muito com os seus companheiros da defesa, gritava-lhes ordens e indicações sobre os adversários.
Gritava e ria muito. A revista “Eco dos Desportos” (nº 48 de 6 de Fevereiro de 1927) publicou uma curiosa fotografia que mostra Cipriano do Santos a voar para uma bola que já estava dentro da baliza. “Cipriano ri, mas o caso é sério”, legendou a histórica revista semanal desportiva. Era um dos golos do empate União de Lisboa-Sporting (2-2).
Ruy da Cunha, um dos primeiros jornalistas desportivos portugueses, escreveu que o guardião leonino “não inchava com os aplausos” por ser um “modelo de desportista”. O site sportingcanal refere o seu carácter, o desportivismo e o espírito de sacrifício, salientando que mesmo adoentado realizou jogos extraordinários.
Cipriano dos Santos pertence à História do Sporting. Foi ele que defendeu a baliza do Sporting na final vitoriosa do Campeonato de Portugal disputada com a Académica em Faro (3-0), em 24 de Junho de 1923, na conquista do primeiro título a nível nacional. Venceu ainda por quatro vezes o Campeonato de Lisboa. Foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito e Dedicação nas Bodas de Prata do Sporting (1931).
Fotografia 1 – Cipriano Santos (Eco dos Sports)
Fotografia 2 - Equipa do Sporting que conquistou o primeiro título nacional: Em baixo - Torres Pereira, Jaime Gonçalves, Francisco Stromp, João Francisco Maia e Carlos Fernandes. No meio - José Leandro, Filipe dos Santos e Henrique Portela. Em cima - Joaquim Ferreira, Cipriano dos Santos e Jorge Vieira.
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