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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O cliente tem sempre razão. Até quando ameaça os clubes com interdições de estádios.
Os adeptos de futebol têm o defeito de serem também clientes e o defeito dos clientes, como todos sabemos, é terem sempre razão. É o cliente que põe o vendedor na ordem e não o contrário. Não existe livro de reclamações para o vendedor; só uma caixa registadora que pode estar cheia ou vazia.
Os clubes são vendedores e os adeptos são clientes; às vezes, pior do que isso: são eleitores. Os adeptos em Portugal não entram no ranking dos melhores do mundo, nem dos melhores da Europa. Apinham menos vezes os estádios e, quando acontece, tendem a preterir a festa em favor do protesto.
Nós próprios, jornalistas e gente da bola, pomo-los constantemente ao lado da animação inglesa, irlandesa e escocesa para podermos protestar pelo que nos calhou em sorte. Somos clássicos adeptos portugueses dos adeptos portugueses, como se constatará pelo tom deste artigo. Também por sermos assim é que o futebol precisa muito de claques, tal como o corpo humano precisa de batimento cardíaco para não ser um cadáver. Mas as claques, enquanto clientes, são o piorio.
No sábado e no domingo, ninguém mais do que Nuno Espírito Santo e Jorge Simão abominou os petardos atirados para a relva quando FC Porto e Braga contavam todos os segundos e focavam toda a concentração para reverter o mau resultado. Ainda assim, são eles quem arrisca pagar pela ação das claques com a eventual interdição dos estádios. Talvez seja bom para todos. Talvez seja a única forma que o vendedor tem de domesticar o cliente: dar-lhe com a porta na cara.
José Manuel Ribeiro - director-adjunto, jornal O Jogo
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