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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Não acredito que haja árbitros corruptos, mas sei que os há pouco corajosos e, sobretudo, influenciáveis. No limite, a diferença não é muita.
O FC Porto explora muito habilmente essa faceta, praticando uma cultura de constrangimento permanente. Qualquer falta sofrida, é ampliada com esgares de sofrimento excruciante e qualquer falta cometida é contestada gestualmente (as mãos na cabeça são verdadeiro ex-libris), como se da maior injustiça se tratasse. Esta bem ardilosa coreografia tem um propósito definido: condicionar o trabalho do árbitro.
Na célebre 'falta' que Coates NÃO cometeu sobre Taremi, que lhe valeu um imerecido amarelo, e que acabou por pesar decisivamente no desfecho do jogo, alguém tem dúvidas que o acrobático rebolar e a expressão de padecimento dolorido, bem como a linguagem gestual dos restantes jogadores e do banco, induziram o árbitro ao erro?
Longe vão os tempos das peitadas de Jorge Costa ou das perseguições de Paulinho Santos. O FC Porto refinou a metodologia. Mas só na forma, porque na substância tudo continua igual.
Com isto, consegue-se que os adversários sejam expulsos ou joguem sob essa ameaça, e que se marquem mais penáltis, contabilidade essa, ampliada agora com as notas artísticas dignas de concurso de mergulho olímpico.
Diz-se que o FC Porto é a equipa que pratica melhor futebol, o que não vou sequer discutir. Só direi que é mesmo muito fácil jogar bem contra adversários carregados de cartões ou com menos jogadores. E quando a coisa está preta, há sempre um penálti salvador que, se não há, inventa-se.
Esta é uma fórmula de sucesso, porque, sejamos claros, estamos a falar dos pontos que garantem títulos. Não dá para ganhar sempre, sobretudo quando se gasta mais do que se tem. Mas dá para fazer a grande diferença. Culpo menos o FC Porto – é, quando muito, uma questão de fair play - e mais quem permite que estas práticas se eternizem no nosso futebol.
De nada vale a competência técnica de um árbitro, quando ele disciplinarmente sucumbe ao ambiente. Mil vezes um árbitro que erra porque se engana, do que um que erra por ter medo.
Artigo da autoria de Carlos Barbosa da Cruz, em Record
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