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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Os jornais desportivos, para a minha geração, constituem um hábito de leitura arreigado. Desde os tempos em que não saíam todos os dias, a informação, a crónica, e até a crítica desportiva era veiculada através dos jornais da especialidade, que nos apressávamos a ir comprar ao quiosque, não fosse esgotar, o que acontecia amiúde, sobretudo após um jogo grande.
Os tempos mudaram muito e, hoje, o fenómeno desportivo já não é apanágio dos jornais temáticos, outrossim adquiriu um estado de globalização informativa absolutamente transversal.
Não só os jornais generalistas dispensam um crescente número de páginas ao desporto, como pululam, sobretudo nas televisões, programas de informação e debate desportivo, em especial do futebol. Há horários em que os canais por cabo mais importantes, todos, incluem painéis de comentadores, onde o futebol é espremido e discutido até ao último centímetro.
Temos hoje mais informação, o que não quer dizer que temos melhor informação.
A nível da crítica e do comentário sou confrontado com coisas que arrepiam. Com efeito, aquilo que deveria ser um simples confronto de opiniões, torna-se frequentemente, numa indecorosa peixeirada, em que tem razão aquele que fala mais alto. E que dizer de pessoas inteligentes, que abdicam da sua independência, para defender cegamente, muitas vezes contra a evidência, o clube da sua eleição?
Esta proliferação canibalizou , de certo modo, os jornais desportivos. Porquê, afinal, pagar por informação que se pode ter de graça?
Este é um raciocínio muito curto de vistas. Porque as melhores fontes, o relato mais fiel, as pessoas mais conhecedoras, a colaboração mais acutilante, a visão mais descomprometida, a abordagem mais séria estão nos jornais desportivos e nos seus sites.
Os jornais desportivos têm sido vítimas deveras injustas desta conjuntura. Vendem-se menos, não porque a sua qualidade tenha diminuído – pelo contrário – mas sim porque o consumidor se satisfaz com o menos.
As coisas são mesmo assim; há muito boa gente que se contenta com a fast food e não vai a restaurantes.
É imperioso manter as vozes livres e abalizadas que são os jornais desportivos, para mais nesta altura, em que não há competições.
Não ceda ao mero mediocratismo, não alinhe por baixo. Mantenha-se informado com qualidade. Compre jornais desportivos, porque eles sabem, melhor que ninguém.
Carlos Barbosa da Cruz, jornal Record
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