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Contextos, atitudes e resultados

Naçao Valente, em 11.10.22

O nosso redactor Leão Zargo, com uma grande capacidade de síntese,  faz a comparação entre a equipa actual e a que ganhou o campeonato, escrevendo num comentário, que esta não mostra a mesma capacidade mental e emocional, para sofrer em campo, e interroga-se, se não haverá também falta de disponibilidade. Tenho vindo a interrogar-me sobre essa diferença relativamente à atitude competitiva e chego à mesma conclusão. No entanto, e sem querer menosprezar essa evidência, penso que há outras diferenças que vou procurar especificar, para servir de base a uma reflexão mais desenvolvida.

Screenshot (1385).png

A equipa que conquistou o título, de forma imprevisível, começou esse campeonato com expectativas muito baixas. Apenas alguns adeptos, dos mais optimistas, apostariam nessa conquista, com base mais na fé clubística do que em dados objectivos. Era uma equipa nova que contava com João Palhinha e João Mário, e onde entraram  jogadores como Pedro Porro (desconhecido), o veterano Antonio Adán (suplente de onde veio), duas promessas Pote e Nuno Santos, e vindos da formação,  Nuno Mendes e Salomão, além de Matheus Nunes.

Esta equipa começou bem o campeonato ao mostrar personalidade, enfrentado sem medo o poderoso clube das Antas, e que chegou ao primeiro lugar, com uma atitude altamente competitiva, e que surpreendeu. Contudo, sempre manteve um comportamento humilde, acompanhado da estratégia definida como jogo a jogo. O que chamamos de estrelinha também a acompanhou.

Lembro-me, como exemplo, da vitória contra o FC das Antas, na Taça da Liga, dando a volta ao marcador mesmo ao cair do pano. Também em Braga, com dez jogadores em campo, desde muito cedo, conseguiu-se triunfar. Em consequência, a equipa começou a ganhar confiança e motivação, jogo após jogo. Por outro lado, os nossos adversários directos, com um início algo mais irregular, e certamente desvalorizando a nossa equipa, permitiram que se conseguisse um avanço considerável. Quando se aperceberam já era tarde, o que até permitiu, na recta final, desperdiçar alguns pontos.

A equipa da época seguinte, sem grandes alterações, manteve o mesmo ritmo competitivo, jogando até com mais proficiência, e assumindo-se claramente como candidata a todos os títulos, acabando por fazer os mesmos pontos. Perdemos esse campeonato pela maior  regularidade do nosso adversário, e por dois deslizes, que podem acontecer a qualquer equipa. Em suma, na minha perspectiva, uma equipa com mais qualidade, e com a mesma atitude de “fato macaco”.

Nesta época, partimos de um patamar mais elevado, mas com contratempos inesperados. Lesões de jogadores importantes, saída do plantel, do médio Matheus Nunes, com o qual o treinador contava. Pode parecer de somenos mas não foi. Implicou adaptações que não estavam previstas, com reflexo no jogo colectivo. Ao mesmo tempo tivemos, por caprichos do calendário um início muito exigente. Essa situação que gerou perda significativa de pontos, não pôde deixar de ter reflexos no comportamento anímico dos jogadores, sendo ainda agravado com derrotas não esperadas e injustas.

De acordo com o historial que tracei penso que a diferença na estrutura da equipa, e nos resultados negativos, conduziram do ponto de vista psicológico a alguma descrença. Ao contrário do que se verificou no ano do título, essa descrença levou, possivelmente, a uma menor disponibilidade física e mental. Contextos diferentes geram situações diferentes. Vitórias com regularidade, justas ou injustas, melhorarão os níveis mentais e emocionais, com reflexos na atitude.

publicado às 03:04

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43 comentários

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De RCL a 11.10.2022 às 03:19

Excelente análise; fui dos que, a meio da época, acreditei no título em 2020/21 e sobretudo pela disponibilidade dos jogadores; a equipa parecia um harmónio, todos defendiam , todos atacavam , sofria poucos golos e marcava os necessários. Na época passada não foi campeã por motivos relacionados com o "seminário".
Nesta época, faltam 2 jogadores fundamentais, Matheus Nunes, e , sobretudo, Palhinha, as lesões não ajudaram, a formação não forneceu ainda nenhum jogador, ao contrário de 2020/21(4).
O plantel é curto , foram feitas as aquisições possíveis, não há petróleo em Alvalade, a equipa joga quase de 3 em 3 dias, o cansaço vem ao de cima e surgem as lesões.
SL
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 12:24

RCL,

A equipa jogar de 3 em 3 dias com um plantel curto, faz toda a diferença. No ano do título só tínhamos as competições internas.
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De Paulo Salcedas a 11.10.2022 às 08:50

Quem é o Salomão??
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De Luis Carvalho a 11.10.2022 às 12:24

Creio que se refere a TT.
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 15:24

Obrigado pela correcção. Estava a pensar no jogador certo, com o nome errado. É o que faz o improviso.
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De Juskowiak a 11.10.2022 às 09:28

Nessa época o mercado foi em cheio: vieram Porro, Pote, Matheus Nunes, e até Nuno Santos, que a meu ver não está ao nível destes 3, mas cujo estoicismo, autoconfiança e abnegação o torna um elemento muito válido no plantel.

Veio também Adan, trouxe experiência e segurança ao balneário e a promoção de Nuno Mendes, que é para mim um jogador de dimensão internacional. Seguramente um dos melhores cinco defesas esquerdos do mundo.

E também o facto de a equipa e treinador estarem sedentos de títulos e só jogar uma vez por semana. Foi uma época em que todas as circunstâncias foram favoráveis à glória de um campeão.

Este ano todas estas circunstâncias foram invertidas: vejo jogadores acomodados, jogadores fora de forma, e as saídas de craques como Palhinha e Matheus Nunes não foram colmatadas. Além disto a tal "fome de títulos" já não se vê em campo.

Vamos ver se nos mantemos vivos até ao mundial.... porque após uma paragem de um mês e meio será praticamente o início de uma época nova.
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 12:29

Juskowiak

Esperemos que a paragem e uma ou outra contratação melhorem o plantel. E esperamos também que o treinador tenha tempo para corrigir e motivar os atletas para as vitórias.
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De Juskowiak a 11.10.2022 às 09:32

E outra coisa, caro Nação Valente

Permita-me discordar desta frase:

"Perdemos esse campeonato pela maior regularidade do nosso adversário, e por dois deslizes, que podem acontecer a qualquer equipa."

Eu lembro-me bem da forma absolutamente V.E.R.G.O.N.H.O.S.A com que o Porto ganhou alguns jogos no ano passado. Lembro-me também dos inúmeros penaltys que Taremi simulou e que o VAR não teve a coragem de reverter.

Não sou muito de "calimerices", mas se houve campeonato adulterado foi mesmo o do ano passado!
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De RCL a 11.10.2022 às 14:52

O tal "seminário", o outro anda pelos jornais, infelizmente.( já o meu avô dizia :"eles vão dar cabo de tudo"; há 60 anos!!)
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De AHR a 11.10.2022 às 12:01

Ficar praticamente afastado do título à quarta ou quinta jornada é um golpe rude na motivação. Só se ganham títulos com jogadores altamente motivados. A motivação só poderá reaparecer se os nossos rivais começarem a perder pontos e o título deixar de ser uma miragem.
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 12:33

AHR

Entendo o seu ponto de vista, faz todo o sentido, mas também considero que para além da falta de motivação, há outras lacunas.
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De Liongreen a 11.10.2022 às 12:22

Permitam-me acrescentar que para além das arbitragens/VAR, etc, este ano as lesões têm sido demasiadas. Face a isto, as lesões do Porro têm permitido a entrada direta de um pseudo jogador " Esgaio". Não podemos esquecer que o mesmo permitiu nos diversos jogos ficarmos sem 6/7 pontos. Em termos defensivos não temos sido tão coesos e as constantes alternativas no sector defensivo têm contribuído para essas oscilações. Por fim, não posso esquecer a saída extemporânea do TT e a grande irregularidade do Paulinho. SL
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 12:40

Liongreen,

Concordo totalmente com a sua análise, incluindo a fraca prestação de alguns jogadores. No entanto, apesar de ter sido a defesa o calcanhar de Aquiles, a verdade é que no ataque tem havido muita falta de eficácia. Em suma, na minha perspectiva, a responsabilidade maior nos insucessos, é do colectivo, a começar pela baliza.
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De Maximilien Robespierre a 11.10.2022 às 12:36

Para mim as grandes diferenças entre a época do título e as seguintes têm 2 nomes: Paulinho e Esgaio.
É certo que Paulinho foi campeão, mas jogou só cerca de um terço dos jogos. Fomos campeões apesar dele e não por causa dele.

SL
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 12:43

Não vou entrar em apreciações individuais. No ano do título já tínhamos esses jogadores.
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De Maximilien Robespierre a 11.10.2022 às 13:39

O Esgaio não tínhamos.
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 18:56

Tem razão. O meu erro partiu do princípio que sempre o vi como substituto de Porro.
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De Elitista a 11.10.2022 às 14:09

Eu comentei essa apreciação do Leão Zargo.
Disse que faltava compromisso à equipa.
Mas acrescento o que sempre venho dizendo: falta índice competitivo e cultura de exigência, (o que se convencionou chamar de mística) ao futebol do Sporting.
As últimas 4 décadas fizeram desaparecer qualquer vestígio dessas duas imprescindíveis qualidades e é necessário manter um grupo de jogadores que a criem e a transportem às gerações vindouras.

PS- É só uma opinião mas comportarmo-nos como quem nos ofendeu apenas nos remete para uma condição inferior à deles.
Essa coisa do fc antas até pode ter tido alguma piada no início, mas...
Queremos mesmo descer a esse nível?
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 15:42

Elitista,

Cada cabeça sua sentença. O que aconteceu nas últimas quatro décadas é bastante complexo para ser reduzido a duas varáveis internas. Há muitas mais, e algumas são externas, embora teime em as ignorar.

Na prática reconheço que a formulação FCAntas, não tem qualquer resultado prático. Faz parte das picardias da rivalidade. Não fui eu que a criei, depois de nesse clube nos terem designado com SCL, isto é Sporting Clube de Lisboa. Nós podemos orgulharmo-nos dos nossos valores éticos, mas também não somos anjinhos. Aliás esta é uma polémica que não merece uma linha. Mas já continua a ser regra, da sua parte, no que me parece ser a defesa do clube do Norte, (para não descer o nível) o que não deixa de ser estranho.
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De Elitista a 11.10.2022 às 17:39

Eu só acho essa do fc antas inconsequente.
A mim não me faz espécie designarem-nos de Sporting de Lisboa, chateia-me mais os zbording e afins. Fucupuérto, fc vigo ou outras são bem mais "picsntes"!

Quanto ao resto, eu não sou acéfalo ao ponto de acreditar e afirmar que o fc porto alicerçou 40 anos de títulos nacionais e internacionais na batota. Que o verdadeiro caruncho do futebol português é o porto?
Caríssimo, ainda ontem (salvo erro) alguém aqui postou um comentário a relembrar o que era o fcp até 1983. Não era o porto que conspurcava o futebol nacional.
Tenho alguns amigos portistas já muito madurinhos que me dizem sempre "quando o porto era descaradamente roubado a favor dos clubes de Lisboa, principalmente o beifica, ainda se riam na nossa cara!"

O que acha que aconteceu em 2005 quando Luisão atropelou Ricardo? Recebi bocas e sms a gozar! Acha que se um dia lhes ganharmos um campeonato, num jogo entre ambos, com um lance semelhante, vou ficar chateado?!

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De Elitista a 11.10.2022 às 17:41

No segundo parágrafo queria dizer:
"... alicerçou 40 anos de títulos nacionais e internacionais apenas (faltou o apenas) na batota..."
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 19:08

Com mais ou menos acefalia não direi que todos os títulos do "Fucupuérto" foram ganhos na batota. Tiveram muitas boas equipas, mas para que lá chegarem , e até para se manterem, usaram-na sem remorsos. Se os da Luz também o fizeram, não desculpa esse facto
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De Elitista a 11.10.2022 às 20:27

Muito ou pouco todoso tentam fazer e de diversas maneiras! Até clubes de menor dimensão.
Não sejamos ingénuos!
Mas, acredite que esse assunto me causa náuseas não é por não acreditar que não exista, ou (que disparate!) Queira branquear ou defender quem quer que seja mas mesmo porque acho deprimente e redutor do que é a grandeza do Sporting.
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De José Gonçalves a 11.10.2022 às 14:59

Deixemo- nos de teorias, o Sporting não está pior que nos dois últimos anos, aliás para mim até tem melhores jogadores que anteriormente; o problema reside na fasquia de responsabilidade que está muito elevada, pois a equipa joga como equipa grande e se os resultados não forem condicentes, isso gera ansiedade e falta de confiança, aqui é que é necessário dar a volta e penso que Amorim está a fazê-lo!
As lesões no setor defensivo também têm que ajudar, o resto são pormenores!

Saudações Leoninas
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 15:53

José Gonçalves

Não posso concordar em absoluto com a sua afirmação de que o SCP não está pior que nos últimos dois anos. O facto é que comparativamente perdeu mais jogos, teve exibições irregulares, treme como não tremia na defesa, e falha muito na concretização. Diz que tem melhores jogadores, o que é, no mínimo discutível.

Por outro lado, concordo que a responsabilidade é maior, que jogamos como equipa grande, e que os maus resultados geram ansiedade. No entanto, na minha perspectiva, não se pode atribuir apenas a isso, as más prestações.
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De Leão Zargo a 11.10.2022 às 15:28

Caro amigo Nação Valente

Penso que na equipa actual há menor disponibilidade para sofrer em campo por razões de ordem física e mental, mas também porque tem uma qualidade competitiva inferior à do título. Falta o músculo de Palhinha, a técnica de Matheus Nunes e a velocidade de Nuno Mendes, mas também Coates, Adán e Pote não se estão a exibir ao mesmo nível de 2020-21.
Por outro lado, o início de época nada galvanizante a nível nacional e o desgaste dos jogos da Champions têm consequências evidentes. Estamos inseguros na defensiva, irregulares na ofensiva. A um jogo bem conseguido segue-se outro com falhas de bradar aos céus.
Maior desgaste físico e menor confiança colectiva provocam essa inferior disponibilidade para sofrer em campo, o que é natural. No entanto, torna-se indispensável manter a crença e não desviar o rumo, ter convicção no que está a ser feito e não colocar o foco no ruído, seja ele externo ou até interno.
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De Naçao Valente a 11.10.2022 às 16:07

Amigo Leão Zargo,

Explicita o seu pensamento em relação à comparação entre esta equipa e a que foi campeã, acrescentando a menor capacidade por falta de músculo que se perdeu com a saída de jogadores, com reflexos na disponibilidade mental. Também não posso deixar de concordar com o menor rendimento dos jogadores que refere.

Como diz no segundo parágrafo, é fundamental manter o rumo, ignorando algum ruído, e focando-se no trabalho, e na correcção de erros. Nesse aspecto estou confiante na competência do treinador e na vontade dos jogadores.

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