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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O nosso redactor Leão Zargo, com uma grande capacidade de síntese, faz a comparação entre a equipa actual e a que ganhou o campeonato, escrevendo num comentário, que esta não mostra a mesma capacidade mental e emocional, para sofrer em campo, e interroga-se, se não haverá também falta de disponibilidade. Tenho vindo a interrogar-me sobre essa diferença relativamente à atitude competitiva e chego à mesma conclusão. No entanto, e sem querer menosprezar essa evidência, penso que há outras diferenças que vou procurar especificar, para servir de base a uma reflexão mais desenvolvida.
A equipa que conquistou o título, de forma imprevisível, começou esse campeonato com expectativas muito baixas. Apenas alguns adeptos, dos mais optimistas, apostariam nessa conquista, com base mais na fé clubística do que em dados objectivos. Era uma equipa nova que contava com João Palhinha e João Mário, e onde entraram jogadores como Pedro Porro (desconhecido), o veterano Antonio Adán (suplente de onde veio), duas promessas Pote e Nuno Santos, e vindos da formação, Nuno Mendes e Salomão, além de Matheus Nunes.
Esta equipa começou bem o campeonato ao mostrar personalidade, enfrentado sem medo o poderoso clube das Antas, e que chegou ao primeiro lugar, com uma atitude altamente competitiva, e que surpreendeu. Contudo, sempre manteve um comportamento humilde, acompanhado da estratégia definida como jogo a jogo. O que chamamos de estrelinha também a acompanhou.
Lembro-me, como exemplo, da vitória contra o FC das Antas, na Taça da Liga, dando a volta ao marcador mesmo ao cair do pano. Também em Braga, com dez jogadores em campo, desde muito cedo, conseguiu-se triunfar. Em consequência, a equipa começou a ganhar confiança e motivação, jogo após jogo. Por outro lado, os nossos adversários directos, com um início algo mais irregular, e certamente desvalorizando a nossa equipa, permitiram que se conseguisse um avanço considerável. Quando se aperceberam já era tarde, o que até permitiu, na recta final, desperdiçar alguns pontos.
A equipa da época seguinte, sem grandes alterações, manteve o mesmo ritmo competitivo, jogando até com mais proficiência, e assumindo-se claramente como candidata a todos os títulos, acabando por fazer os mesmos pontos. Perdemos esse campeonato pela maior regularidade do nosso adversário, e por dois deslizes, que podem acontecer a qualquer equipa. Em suma, na minha perspectiva, uma equipa com mais qualidade, e com a mesma atitude de “fato macaco”.
Nesta época, partimos de um patamar mais elevado, mas com contratempos inesperados. Lesões de jogadores importantes, saída do plantel, do médio Matheus Nunes, com o qual o treinador contava. Pode parecer de somenos mas não foi. Implicou adaptações que não estavam previstas, com reflexo no jogo colectivo. Ao mesmo tempo tivemos, por caprichos do calendário um início muito exigente. Essa situação que gerou perda significativa de pontos, não pôde deixar de ter reflexos no comportamento anímico dos jogadores, sendo ainda agravado com derrotas não esperadas e injustas.
De acordo com o historial que tracei penso que a diferença na estrutura da equipa, e nos resultados negativos, conduziram do ponto de vista psicológico a alguma descrença. Ao contrário do que se verificou no ano do título, essa descrença levou, possivelmente, a uma menor disponibilidade física e mental. Contextos diferentes geram situações diferentes. Vitórias com regularidade, justas ou injustas, melhorarão os níveis mentais e emocionais, com reflexos na atitude.
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