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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Muito embora Marco Silva tenha afirmado que a sua pouca expansiva postura ontem em Guimarães não é invulgar, não seria humano se não evidenciasse algum indício do tumulto dos últimos dias, em severo contraste com o presidente, que reagiu como se esta vitória na Taça da Liga fosse a solução para todos os seus problemas.
«Por vezes estou mais passivo. Estou concentrado no jogo e no trabalho dos meus jogadores. Não há introspecção. Está mais do que na altura, pela dimensão do clube, pela massa adepta do clube, de pararmos um pouco com a história de que o treinador está sisudo.»
Em abono da verdade, achei a sua postura durante o jogo perfeitamente normal, já o mesmo não posso dizer do que tive ocasião de observar no final da partida. Concordo com Marco Silva quando ele diz que "há mais coisas para ver no jogo do que a cara do treinador." É bem verdade, mas pelo momento que o Sporting atravessa, é difícil não tentar interpretar as expressões dos principais protagonistas.
No outro lado da moeda, a reacção de Bruno de Carvalho não surpreendeu de modo algum, perfeitamente em linha com a sua essência. Já percorreu trajectos de muito maior embaraço pessoal e não permitirá que esta "pequena" tempestade perturbe a sua postura pública.
Quando instado a comentar a "falta de apoio da Direcção do Sporting", Marco Silva surpreendeu, não pela substância da resposta, mas sim pelo facto de ter respondido:
«Apoio ? Sinceramente, isso não é o mais importante. Há decisões que não sou eu que tomo. Estou da mesma forma que estava quando entrei neste grande clube, com a mesma paixão. Sinto o apoio dos adeptos diariamente, é o que me faz trabalhar cada vez mais. As outras questões não é a mim que têm de perguntar. Está na hora de respeitarmos os adeptos do Sporting, que todos os dias lêem coisas nos jornais que não são agradáveis. Eu importo-me com o que eles têm passado nas últimas semanas, principalmente na última semana. Não vou contribuir para isso.»
O homem não é estúpido, sem dúvida alguma. Terá exagerado ao que concerne o seu actual estado emocional - embora se admita que detém a mesma paixão - mas compreende perfeitamente que a vasta maioria de adeptos está com ele neste imbróglio em curso, e de forma subtil sublinha o seu reconhecimento por esse apoio.
Muito sinceramente, não faço leitura alguma quanto ao seu futuro pelo que se passou ontem no Estádio D. Afonso Henriques. Admito a possibilidade de a decisão ter sido tomada independente do jogo e do resultado, e se não foi, compete ao presidente assumir as suas responsabilidades e não prolongar este estado das coisas, de uma forma ou outra, e aceitar as eventuais consequências. Pode, mas não deve, continuar a encomendar recados deploráveis aos seus lacaios, como aquela vergonhosa missiva publicada pelo oblíquo José Eduardo.
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