Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Costuma dizer-se que repetir até à exaustão um acontecimento acaba por o banalizar. Nesse sentido, a utilização exagerada e muitas vezes despropositada da palavra crise pode tirar-lhe o verdadeiro significado. Torna-se banal falar de crise a propósito de tudo ou de nada, no âmbito da política, da economia, da sociedade. E como não podia deixar de ser o seu uso tornou-se useiro e vezeiro no futebol.
A verdade é que ninguém sobrevive sem pão, genericamente falando, mas todos podemos viver sem futebol. Esta modalidade desportiva começou há pouco mais de um século como entretenimento para quem o praticava, transformou-se num espectáculo de massas que move milhões.E criou um mundo que gira à sua volta, que o divulga e dele se alimenta, e que para além da divulgação necessária, especula e fomenta, no mau sentido, rivalidades e ódios.
A palavra crise tornou-se tão banal que é utilizada pelo mundo comunicacional a propósito de um qualquer desaire desportivo, quase como se isso não fizesse parte do desporto. Curiosamente, ou talvez não, essa decretação de crise é amplificada quando se trata de clubes com mais adeptos. Na minha perspectiva, essa criação de factos, não é inocente. Explora a parte psicológica do ser humano, visando tirar disso proveitos, relacionados, entre outras coisas, com audiências.
O Sporting foi vítima recentemente dessa criação especulativa pelo facto de ter perdido dois jogos, um de alta dificuldade, com um adversário, no mínimo do mesmo nível, e de um outro com adversário teoricamente inferior, mas que pela imponderabilidade dos jogos de futebol, ganhou sem mostrar qualquer superioridade durante o tempo de jogo. Horas infinitas de análises e debates intensivamente inúteis manipulam as mentes de adeptos que “emprenham pelos ouvidos” e acabam por se deixar contaminar por esse vírus da manipulação.
Crise? Qual crise? Crise é não ter comida no prato, crise é não ter habitação, crise é viver num clima de guerra, entre outros exemplos. Mesmo no mundo restrito do futebol, crise é um clube deixar de cumprir os seus compromissos, deixar de pagar as contas, incluíndo salários de trabalhadores. Na vertente desportiva é sempre melhor ganhar do que perder, porque também pode ter reflexos na gestão económica. Mas em qualquer prova apenas pode ganhar um. Como exemplo lembro-me da Alemanha onde o campeão se repete ano após ano. E em consequência os outros deixam de existir?.
O Sporting esteve longos anos sem ganhar campeonatos, e continuou pujante. Enquanto adeptos não queremos que isso volte a acontecer, mas não é pondo tudo em causa após um ou outro mau resultado que se inverte essa tendência, indo atrás da lenga lenga da crise, criada externamente, mas logo adoptada internamente? Nos momentos maus pelos quais todos os clubes passam, é preciso cabeça fria, para não criar uma verdadeira “crise” de confiança.
Todos sabemos que os adeptos não se pautam pela racionalidade, mas a perturbação que geram em quem tem que resolver os problemas, pode agravar em muito a situação. Eu tenho lido opiniões de bradar aos céus: leigos fazendo análises individuais e colectivas sem fundamento, como verdades absolutas, que a realidade a seguir desmente, mas que não impedem que voltem ao mesmo registo. Exemplo disso é a insistência num ponta de lança como se estes estivessem ao preço da “uva mijona”, ou a crítica às aquisições possíveis. É assim a natureza do mero adepto. Temos que viver com ela, mas que chateia, chateia. Que o chorrilho de opiniões sem fundamento, não cheguem ao céu, para que o SCP continue no seu caminho, conduzido por quem tem essa competência. Só a união faz a força.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.