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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
No momento em que, para muitos, Rúben Amorim está na "moda" e muito se tem falado dos seus inegáveis méritos na carreira da equipa até à data, gostaria de abordar um tema que gerou, e continuará a gerar, muita discussão. O custo da sua contratação.
Deixando de lado as formas e prazos de pagamento, entretanto resolvidos entre os clubes, muitos foram os que questionaram, e continuam a questionar, o valor despendido por um treinador jovem e sem curriculum, quando o Clube está em notória contenção financeira.
Se as dificuldades financeiras vividas pelo Clube são um motivo preponderante para não se despenderem verbas elevadas em contratações, não é menos válido que essas dificuldades obrigam a um nível elevado de escolhas acertadas, sob pena do contínuo insucesso vir a originar, na globalidade, um dispêndio de verbas também elevado, com a agravante dos inevitáveis prejuízos desportivos.
Terá sido então Rúben Amorim um treinador caro e uma aposta demasiado arriscada para a realidade do Sporting?
Foi seguramente contratado por valores considerados elevados para a realidade económica do clube, mas eu não afirmaria que foi um treinador caro. Certamente que foi uma aposta de risco, face ao escasso curriculum, apesar de no seu curto período de trabalho em Braga ter demonstrado assinaláveis qualidades, nomeadamente um estilo de jogo atractivo e ter conseguido inegável e relevante sucesso desportivo, no qual se incluem as vitórias contra adversários teoricamente superiores e nos seus redutos. Paralelamente demonstrou uma personalidade vincada, com ideias definidas e um discurso fluído e comunicativo. Para os mais atentos, estava ali, ao nível da qualidade e do potencial , um treinador com algo de diferente e com futuro muito promissor.
Conhecido o insucesso do Clube nas apostas feitas anteriormente e perante nova mudança, não restava à direcção do Clube outro tipo de solução, que não fosse a de encontrar alguém com o elevado potencial para ter sucesso, e para isso teria de arriscar, pois novo insucesso seria, quiçá, fatal para o seu projecto desportivo. Definiu o Rúben Amorim como a escolha certa e numa jogada de antecipação arriscou, mesmo tendo de pagar um valor considerado elevado. E ao escolher o Rúben Amorim não tinha alernativa senão arriscar.
Em primeiro lugar, porque treinava então um clube que na altura lutava pelos mesmos objectivos do Sporting e só o contrataria pagando a elevado valor da cláusula de rescisão, e em segundo, porque o tempo corria a desfavor, dado que havia a forte suspeita que estaria "em trânsito" para um outro rival. Pese embora o facto de ser ainda relativamente cedo para a avaliação concreta, esta aposta parece, até à data, ter provado que o risco assumido valeu a pena. E não falo só com base nas actuais vitórias consecutivas, mas na forma como ele transformou tanto a equipa como o próprio Clube ao nível de jogo, de mentalidade, de discurso, de planeamento e contratações...
Pelo que tenho observado Rúben Amorim prova que é um treinador destinado a atingir o topo. Pode, eventualmente, não vir a ter o sucesso que todos desejamos no Sporting, uma vez que as contingências são muitas (instabilidade do Clube, "status" do futebol português, decisões arbitrais...), mas não tenho a mínima dúvida que terá uma carreira de sucesso.
E um clube com a histórica dimensão e indisputável realidade do Sporting CP, para ter um potencial treinador de topo, terá sempre de arriscar na forma como o contrata e no timing do negócio, jogando em antecipação, pois só o conseguirá integrar nos seus quadros antes de outros concorrentes, se arriscar contratá-lo no período em que começa a demonstrar o seu potencial e não quando ele estiver já no topo. Nesta fase aparecerão outros, com outros argumentos, e o levarão.
Respondendo à questão colocada como mote para este post, afirmo o seguinte:
Caros não são os que realmente custam muito dinheiro... Caros são os que não rendem, por pouco dinheiro que custem!
Despender uma verba elevada com algo que nos dá rendimento é um investimento, que no futuro, conforme a rentabilidade, poderá muito bem vir a compensar. E na contratação de Rúben Amorim não duvido que o seu elevado custo, foi um investimento que futuramente será rentável, como aliás já se começou a verificar na valorização dos activos e na imagem que é transmitida pela equipa.
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