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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O FC Porto falhou o reembolso do empréstimo obrigacionista de 35 milhões que tinha contraído, por via de – mais – uma emissão de obrigações. Como é bem óbvio, este default não dá saúde nenhuma às relações dos clubes com o mercado financeiro, o que sobra, porque já foram proscritos dos bancos.
Independentemente do dano reputacional, que também já afectou o Sporting, a questão de fundo que este episódio suscita é o do modelo operacional dos clubes portugueses, que teimam em não ver mais além do seu próprio umbigo, a meias com a sacralização de uns mitos, que conduzirão inexoravelmente o futebol português à penúria.
E nem se pense que o Benfica está fora. Apenas vive a euforia de umas transferências bem sucedidas, mas as falhas estruturais permanecem. Bastou o falhanço do Kransnodar e a manutenção de custos fixos completamente absurdos, para o FC Porto colapsar, como aconteceu no Sporting, com o despesismo demagógico da era Bruno.
Esta vida no proverbial fio da navalha tem um fim anunciado e que é a progressiva perda de competitividade internacional, onde está, como sabemos, o dinheiro.
A Europa do futebol já percebeu que a solução está em abrir os clubes ao investimento externo, de que o paradigma mais bem sucedido é o caso do campeonato inglês.
Em Portugal, a gente do futebol também já percebeu, falta apenas a coragem de alguém dizer que o 'rei vai nu'. Mesmo naquele jogo de sombras em que a gestão do Benfica se transformou, se vislumbra essa preocupação, porquanto, por detrás daquela pretérita OPA, estava a disponibilização subsequente de capital a um ou mais investidores; não é debalde que LFV cita amiúde o exemplo do Lyon.
Prevejo que as circunstâncias ditarão que vai ser o FC Porto o primeiro a dar o passo em frente e outros seguirão, por opção ou necessidade. O timing é essencial, porque há uma grande distância entre a parceria e o resgate.
Carlos Barbosa da Cruz, Record
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