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Debate entre candidatos: brechas na muralha

Naçao Valente, em 25.02.17

 

muralhas.jpg

  

A análise de qualquer aspecto da realidade é subjectiva. Está condicionada pela selecção dos factos, pela sua interpretação e pela subjectividade do analista, em função do seu posicionamento político e ideológico. Este caso concreto, o debate entre Pedro Madeira Rodrigues (lista A) e Bruno de Carvalho (lista B) insere-se na formulação enunciada. Por isso, as apreciações sobre o debate, estão subordinadas pelo juízo pré-determinado, que cada qual tem dos intervenientes. Não escondendo a minha predilecção por Madeira Rodrigues, procurarei, no entanto, usar a imparcialidade na avaliação da prestação dos candidatos, com a certeza que não conseguirei ser neutro.

 

Em sentido lato, a primeira leitura que faço do debate, é que os opositores eram portadores de um guião que pretendiam cumprir. Madeira Rodrigues, partindo de uma posição de desvantagem, pelo facto de ser menos conhecido no universo sportinguista, e por estar do lado de fora da fortaleza, ocupada pelo seu adversário, teve de utilizar uma estratégia de ataque constante, procurando centrar a sua investida nas zonas mais fracas da muralha. Daí que se concentrasse na questão do futebol profissional, o tema mais apetitoso para o adepto, e dele procurasse tirar vantagens, para enfraquecer Bruno de Carvalho. Focou os maus resultados desportivos, as contratações erradas, a equipa técnica tremendamente cara. Esta estratégia, colocou Bruno de Carvalho à defesa, procurando limitar os danos. Além disso, usou algumas armas inovadores, como a coordenação para o futebol. Espera-se agora a apresentação do seu treinador.


No guião de Bruno de Carvalho estava, à partida,  a defesa de uma posição privilegiada, sem arriscar, sem pôr um pé em falso. A ideia foi fazer-se de peixe morto para se poder manter à tona. Contrariando a sua própria natureza belicista, conteve a agressividade, escudou-se atrás da sua muralha, que o intruso queria ocupar. Refugiou-se na obra feita, na solidez do edifício, na construção de novas ameias. Acentuou o recurso a apoios mediáticos, muitos deles com ligações ao repudiado passado, com especial enfoque para Ricciardi, uma espécie de Rasputine do Sporting, cuja presença perpassou pelo debate. Salientou o pavilhão, a salvação da bancarrota, números e mais números, gráficos e mais gráficos, na minha opinião de reduzida eficácia.


Para cumprir o seu guião, o ainda presidente foi instruído para se focar nos aspectos positivos, para manter uma imagem de urbanidade, chegando a afirmar, que num próximo mandato se irá resguardar mais, leia-se ter uma actuação mais discreta, sem voltas olímpicas por exemplo. Nesta área, Madeira Rodrigues, porque não tem as mesmas armas, e porque é candidato fora da muralha, limitou-se a questionar os dados apresentados, não podendo, em concreto ir muito mais além. Apesar disso, ainda conseguiu causar algum embaraço com o assunto pavilhão, alegando que estará pago com o dinheiro da Doyen. Quanto aos investidores, Madeira Rodrigues, não pode concretizar, enquanto candidato, o que só a um presidente compete. Pode-se discordar do seu projecto ou da concretização de algumas propostas, porque elas existem.Para bom entendedor..


Em conclusão, os dois contendores foram cumprindo os guiões previamente estabelecidos. Pelo facto, foi um debate morno, com algumas picardias, pouco significativas. Pedro Madeira Rodrigues fez o que tinha que fazer e penso que conseguiu alguns ganhos. Manteve o adversário à defesa e abriu algumas brechas. Para aqueles que consideram a fortaleza inexpugnável, é talvez altura de começarem a ter alguma modéstia. Foi o único que teve a coragem de desafiar o poder instalado, depois de constatar que mais ninguém avançava, surpreendeu-me e surpreendeu os observadores. O seu principal problema é a escassez de tempo, mas creio que está a mostrar que tem uma nova visão para o clube,  fibra, competência e condições para assumir a sua presidência. Assim queiram os associados.

 

publicado às 11:30

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39 comentários

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De Naçao Valente a 25.02.2017 às 17:29

Caro PSousa,
Obrigado pelo comentário e por participar no debate. Como já escrevi numa resposta a outro comentário, PMR teve pouco tempo para preparar a sua candidatura, para constituir a sua equipa e para cimentar e divulgar as suas ideias. Se é ou não o homem da mudança e como dizia o cego, veremos.
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De PSousa a 25.02.2017 às 17:33

Nação Valentes,
Pois, mas pela pequena amostra de hoje no jogo feminino, onde numa volta BdC foi "sentir ao pulso" daqueles que lá estavam, prevejo que fica o mesmo no poleiro.
Dou os meus parabéns ao PMR por estar a fazer frente ao que temos hoje no clube, mas não o vejo a ganhar as eleições e nem vir a ser muito diferente.
Não gostei dele no debate dado que jogou ao ataque, mas também entrou no ataque pessoal. Assim como não gosto que BdC o faça, estava à espera que PMR opta-se por se MESMO diferente!
No próximo domingo todos saberemos o que os sócios decidiram!
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De Guedes a 27.02.2017 às 03:49

Concordo plenamente com essa visão do PSousa.
Aliás, como ainda ontem vimos no lamentável vídeo do "Arrasei, pah... nem me olhou nos olhos, pah".

O PMR é precisamente tudo aquilo que critica no BdC, tendo perdido por completo desde o debate a imagem inicial de "pessoa mais ponderada, estilo diferente".
Nestes últimos dias, mostrou que é mais do mesmo, nesse aspecto em concreto.
Até por "aquele gajo" tratou o Presidente do Sporting.

Isto, claro está, com a profunda desvantagem do BdC ter 4 anos de trabalho bem efectuado a todos os níveis.
Aliás, para quem começou por pedir uma campanha elevada, temos que ser honestos e convir que foi precisamente em tudo o oposto do que desejou.
Não me parece, portanto, que alguém queira votar na incógnita em deterimento da segurança, sobretudo agora que a principal "vantagem competitiva" (whatever) caiu. Foi arrasada, pah.

Estou seriamente em crer que bastava o Sporting ter mais 6 pontos no campeonato e ainda haver uma réstia de esperança (e falo única e simplesmente de futebol, que é o que move o coração dos adeptos) e esta candidatura não teria tido pernas para andar.

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