Bem... nem sei por onde começar a analisar este jogo realizado hoje no Estádio do Bonfim. Quer-me parecer que existem quatro vertentes de apreciação, a primeira das quais recai sobre as opções de Leonardo Jardim. Enquanto, nas circunstâncias, se aceita perfeitamente a titularidade de Slimani, já o mesmo não pode ser dito sobre Gerson Magrão, cuja explicação não é para meros mortais. A segunda vertente, a menor qualidade de jogo do Sporting, nomeadamente mais uma muito tardia entrada no jogo, com o V. Setúbal a criar todas as oportunidades de perigo durante os 20/25 minutos iniciais e mais do mesmo a iniciar a segunda parte. Na realidade, o Sporting só surgiu ameaçador sensivelmente aos 30 minutos, pelo golpe de cabeça de Slimani e o golo (mal) invalidado a Adrien Silva. A terceira vertente, é justo admitir, a qualidade do futebol da equipa do Bonfim, que evidencia estar a ser muito bem orientada por José Couceiro.
Segue-se, então, a quarta e mais polémica vertente: a arbitragem. Um dos árbitros auxiliares esteve em três dos lances cruciais do jogo: o golo incompreensivelmente mal invalidado a Adrien, que no momento que Slimani cabeceou estava sensivelmente um metro atrás da linha do último defesa; três minutos mais tarde, uma decisão correcta ao validar o golo do argelino, com a bola, na minha opinião, claramente a atravessar a linha da baliza e, finalmente, o mal validado primeiro golo setubalense - aos 51' - quando o avançado estava em posição irregular no momento de partida da bola e recuou para a receber. Temos, entretanto, o previsível 5.º amarelo a Maurício com um critério muito rigoroso, a bem assinalada grande penalidade por falta sobre Capel e instantes depois nova grande penalidade, desta vez contra o Sporting, por falta inexistente atribuída a Maurício, quando este desvia a bola com o pé sem cometer qualquer infracção.
Em última análise, apesar do bom rendimento de Slimani e o óbvio perigo que ele representa no jogo aéreo, continuo a insistir que não é um ponta de lança talhado para o 4x3x3. Além do mais, motiva a equipa a não desenvolver a construção ofensiva pela sua procura com bolas pelo ar. Dito isto, é cada vez mais evidente que o avançado é uma mais-valia para o Sporting.
Já comentei em uma outra ocasião a minha dificuldade em compreender a razão de ser Jefferson a marcar praticamente todos os livres perto da área. No último lance do jogo, precisamente numa zona frontal muito perigosa, novamente o inofensivo lateral brasileiro a rematar contra a barreira quando, pela posição no terreno, a marcação deveria ter sido por um pé direito, nomeadamente Fredy Monteiro. Para mim, mais um caso que não é para ser explicado por meros mortais.
Com estes dois pontos perdidos, a vitória do Benfica sobre o Estoril e o muito provável triunfo do FC Porto sobre o Arouca, qualquer ilusão sobre o título desapareceu e teremos agora de nos concentrar na grande luta que vai ser a disputa pelo segundo lugar.
Por fim, quase me esquecia de louvar a nossa "brilhante" gestão dos amarelos, cada vez mais evidente. Perdemos William Carvalho contra o Benfica e agora Maurício contra o FC Porto. Pelo positivo, uma grande oportunidade para Eric Dier, apesar do expectável grau de dificuldade desse jogo.