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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Quem não viveu numa ditadura, pode imaginá-la mas nunca vai conhecê-la. A experiência é a mãe de todas as coisas. Vivi numa ditadura e sei bem o que é. Por isso, quando em 25 de Abril de 1974, se iniciou o processo que levaria à construção de uma democracia em Portugal, pude ver qual a real diferença.
Ao fim de quarenta anos, temos um país melhor, mais desenvolvido, mais justo e livre. Mas os resquícios do poder ditatorial continuam a viver na mente de muita gente. No seu dia a dia, nos seus comportamentos, vêm muitas à superfície tiques ditatoriais. Digamos que a ditadura não está na Lei, mas continua nas mentalidades.
No desporto em geral, e no futebol muito em particular, os tiques de poder totalitário são constantes. Atrevo-me até a dizer, que as diversas formas de poder ditatorial ainda se encontram plasmadas na própria lei que rege o sector desportivo. Pergunto: haverá algum clube desportivo, onde se pratica, em pleno, uma verdadeira democracia?
Mas muito do que se passa nos diversos órgãos que regem o futebol, leva a questionar se ali se pratica autêntica democracia. Qual o processo que leva à composição desses órgãos? Arranjinhos, compadrios, pressões, influências?
Vem isto a propósito, mais especificamente, dos órgãos que dirigem a arbitragem. Não se parecem com corporações próprias de um poder totalitário? E os árbitros na sua actuação, que limites têm eles ao poder discricionário? Não será mais um sector onde o erro não tem consequências? Ou faz de conta que tem?
Os árbitros são necessários, como juízes, claro, para a realização do jogo. Mas será que não confundem arbitrar com tornar-se os artistas do espectáculo? Os artistas não têm que ser exclusivamente os atletas no campo? Será que sem estes, os homens do apito teriam razão para existir? Pergunta retórica.
No entanto, analisando o problema por outra perspectiva, não terão os clubes também responsabilidade, por muito do que acontece, ao aprovarem os regulamentos, que o sector da arbitragem aplica, a seu belo prazer? Ou de uma forma dogmática? Não serão os clubes que lhes dão o excesso de poder de que se queixam?
Em jeito de conclusão, pergunto simplesmente: não estará o mundo do futebol a precisar de uma revolução? Não estará o sector da arbitragem a precisar do 25 de Abril que nunca teve?
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