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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O futebol é uma actividade onde a imprevisibilidade tem um lugar importante, e onde as emoções suplantam largamente a racionalidade. Os mais apreciadores deste desporto, enfeudados a um qualquer clube, raramente conseguem despir a pele de adepto faccioso e raciocinar fora desse formato. Por isso, não me admira a reacção de alguns sportinguistas à situação actual do Clube.
O que podemos considerar como factos, é a saída de um técnico de forma inesperada e a entrada de um substituto, escolhido pela Direcção, e apresentado como uma escolha já preparada há vários anos. Para além disto, o que se passa nas opiniões, mais ou menos ponderada,s é especulação, embrulhada em estados de alma.
A muito contestada substituição do treinador que abandonou um barco, que construiu à sua imagem, com todo o apoio institucional, e que após anos de navegação em contraciclo com o sistema, vencendo mitos ancestrais, está, na minha perspectiva, assente em dois erros fundamentais.
O primeiro, é que deve ser substituído por outra personalidade, de grande prestígio no mundo de futebol, que mantenha a navegação dentro da mesma eficácia. Mas não há disponível outro timoneiro igual, e por mais competente que seja, nada garante que fará, no mínimo até, o que estava a ser feito. Portanto, a mudança de técnico causará sempre perturbações.
Em segundo lugar, só se pode falar da competência do substituto, depois de verificar a forma como continua a navegação, para usar a mesma imagem. Não se pode avaliar ninguém, com racionalidade, quando ainda nem teve tempo, de assumir plenamente o comando. Quem conhece um pouco de história percebe o que está em causa.
Chamando os bois pelos nomes, Rúben Amorim é um especialista raro na sua área, com características difíceis de encontrar. Refira-se, porém, que a competência que atingiu, levou quatro anos até atingir o seu estado actual. E porque a memória é curta, lembro que nos primeiros meses no Sporting, teve três derrotas e vários empates. Lembro mais, que no terceiro ano no Clube este ficou em quarto lugar, com seis derrotas e alguns empates.
Ou seja, tudo aquilo que ele é hoje, resultou muito das suas características naturais, mas também de muita aprendizagem, devido ao tempo que lhe foi concedido. João Pereira, ou outro qualquer, não é nem será Rúben Amorim. É certo que lhe falta experiência, mas também é certo que parte de um ponto, onde não é possível, ou é muito difícil fazer melhor. Voltando à imagem da navegação, não sei, nem deixo de saber, se ele consegue manter o barco na sua rota. No entanto, a mesma dúvida pode ser colocada em relação a outro qualquer timoneiro mais credenciado.
O campeonato, sempre o disse, não está, nem nunca esteve ganho. Com competência e com algum apagamento dos adversários no início da prova, conseguimos distanciarmo-nos, mas sempre achei, que todas as equipas têm altos e baixos. Nunca considerei a nossa equipa a melhor do mundo, até contra afirmações do Presidente, nem a considero agora a pior. Tem condições para retomar o seu percurso vitorioso, desde que não se acrescente mais instabilidade àquela que já existe.
Discordando, mas respeitando, opiniões contrárias, porque não me julgo dono de qualquer verdade, continuo a acreditar no projecto, embora a minha parte emocional esteja algo perturbada pelo choque de uma derrota inesperada. Procuro, no entanto, manter alguma capacidade racional de análise, não embarcando em soluções que à partida podem ser tão falíveis, como a que alguns querem atribuir à solução encontrada. Na nossa percepção, podemos ter passado do céu para o inferno.Na realidade, nem uma coisa nem outra, até porque de verdades absolutas está o inferno cheio.
P.S.: Em relação aos graves erros de arbitragem do último jogo, que tiveram influência no resultado, não é sem tristeza que vejo serem desvalorizados por alguns sportinguistas. Os adversários costumam atirar para fora, nós preferimos dar tiros nos pés.
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