De Riskos a 26.04.2016 às 22:39
Uma pequena noticia, confesso que não li o jornal , talvez apenas uma pequena nota, que pode conduzir a uma enormidade de conclusões. Não sendo exactamente um perito na matéria, gostaria de deixar a minha opinião e agradecer desde já a quem possa ter elementos que me contradigam, o favor de os explanar, estou e gosto sempre de aprender.
Vamos então desfragmentar a noticia:
1 - O ROC tem por missão, em termos sintéticos, acompanhar o processamento/elaboração anual da informação contabilística e financeira, de forma a garantir que a informação é completa, verdadeira, actual, clara, objectiva e licita. A sua opinião fica expressa num documento "CLC-Certificação Legal de Contas" que é parte integrante do R&C anual.
2 - A noticia refere um relatório do ROC, não sendo a referida CLC, só se entende como sendo um relatório confidencial contratado pela Administração, que se foi tornado publico (apresentado em tribunal) provavelmente terá sido por estratégia, mas já lá vamos...
3 - Nenhum relatório, feito pelo ROC ou por qualquer outra entidade, poderia ser mais preocupante do que o próprio R&C semestral que menciona um prejuízo de 18M, e já é conhecido desde Fevereiro. Quer dizer, até poderia ser pior, se aparecesse um relatório agora a dizer que afinal o prejuízo é muito maior, manifestamente não é o caso.
4 - O ROC tem emitido as CLC sem qualquer reserva apenas com duas ênfases, para os menos entendidos, reservas são matérias que afectam a sua opinião e ênfases são matérias que afectam as demonstrações financeiras mas que não afectam a sua opinião dado que concorda com o tratamento e divulgação que as mesmas tiveram nas demonstrações financeiras.
5 - Mesmo não sendo legalmente obrigatório, por opção, as contas do ultimo semestre foram auditadas pelo ROC, Dr. Carlos Manuel Sim Sim Maia, que as subscreve em 29/02/2016, mais uma vez, sem reservas e com duas ênfases. Reparem que a noticia contém uma data 20/01, anterior a este documento, é uma curiosidade.
6 - Quando foi conhecida a sentença da acção doyen, foi também conhecido que o recurso não suspendia o pagamento, mas que a suspensão poderia ser requerida. Talvez assim se entenda, uma avaliação "carregada" de pessimismo, não será preciso um desenho...
7 - Independentemente desta situação, mas muito intensificada com o desfecho deste processo, a situação financeira não é famosa. No ultimo semestre, uma serie de factos vieram agravar a situação, e julgo que já foi reconhecido pelo Presidente (Não apuramento para LC, Acção Doyen, não renovação/venda Carrillo).
8 - Todos os clubes passam por dificuldades, o Sporting ainda mais, por razões bem conhecidas, está sob observação dos credores e da UEFA, daí que tem limitações e cuidados adicionais que não interessa agora esmiuçar, quer com os relatórios contabilísticos quer com a gestão financeira.
9 - Contabilisticamente não será fácil recuperar até 30/06 os 18M de prejuízo, sabemos que ainda há receitas por contabilizar, por exemplo venda do Montero, a publicidade nas camisolas, porque não, se for necessário, antecipar o reconhecimento contabilístico da entrada na LC, venda de algum jogador. É difícil, mas é possível, mais importante é muito necessário, sob pena de sanções adicionais.
10 - Financeiramente a situação pode de facto complicar-se muito com a exigência do pagamento imediato da doyen, é difícil de avaliar as complicações imediatas pois não sabemos, ou pelo menos eu não sei, qual é a estratégia de financiamento, pode passar por um serviço de factoring, acordos para antecipar recebimentos, investidores ...
11 - Por fim, no 1º semestre os gastos correntes totalizaram cerca de 32M, podemos deduzir que no 2º semestre os gastos serão aproximados, como a noticia refere que em 20/01 exista em caixa quase 10M, então podemos dizer que um terço ou mais das necessidades de tesouraria no semestre, já estava assegurado, e isto não é mauuu.