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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Portugal é pobre e pouco educado, o futebol atrai as moscas e as apostas não trazem só receita. Habituemo-nos.
A confirmação de que quatro jogadores do Rio Ave são arguidos num caso de viciação de resultado completa o círculo da suspeita: chegámos ao relvado. A primeira boa notícia é que, daqui para a frente, não há mais nada do que desconfiar; aliás, não há mais nada, ponto final. Já podemos dizer, oficialmente, que suspeitamos todos uns dos outros e na maioria dos casos com indícios bastantes para suportar investigações policiais. Podem até ser menos do que condenações, por agora, mas são muito mais do que tolices que um irresponsável atira ao microfone.
Não se chega a um ponto destes sem culpas de toda a gente, começando no adepto cego aos abusos do seu clube e hipersensível aos abusos do vizinho e acabando em anos de arbitrariedades várias que foram anestesiando escrúpulos, prestigiando parasitas e, nalguns casos, criando uma mentalidade de olho por olho. Dito assim, parece um drama, mas não chega a ser. São só as circunstâncias naturais de um país pobre e pouco educado, de um futebol que já nos chega desregulado lá de fora e do novo fenómeno (para nós) das apostas online. Não lidamos com santos, trabalhamos num meio que atrai os bandidos e somos alvos fáceis para a corrupção: habituemo-nos. Há muitos séculos que problemas como este se resolvem com penas duras, vigilância e bons exemplos.
A segunda boa notícia espremida deste ano eléctrico de 2017 é que, em qualquer das três áreas, só podemos melhorar.
José Manuel Ribeiro, jornal O Jogo
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