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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Não há nenhum sportinguista que goste de ver saírem do clube, da forma que tem vindo a acontecer, os seus melhores jogadores de futebol. Mas há sportinguistas que reconhecendo que isto nunca antes aconteceu, reflectem, e percebem porquê. É muito triste ver colocar responsabilidade única nestes atletas e, ao mesmo tempo, de modo irreflectido, absolver o principal responsável.
O futebol profissional dos nossos dias, já não tem qualquer semelhança com o futebol não amador ou semi-profissional da primeira metade do século XX. É uma indústria que move muito dinheiro e diversos interesses. Os atletas, hoje, são profissionais e têm uma carreira curta, entre dez a quinze anos, que devem saber gerir. O que os move não é, como o adepto, o amor à camisola, mas cumprir a sua função com seriedade, conseguindo, em simultâneo, auferir os maiores proveitos. Regra geral ,esta é a norma seguida por todos os profissionais. Digo mais, é a regra seguida por qualquer trabalhador.
Dizem que os jogadores são muito bem pagos? É verdade. Mas também é verdade que sem eles não há espectáculo e são eles que geram as receitas, que permitem a muita gente, viver como nababos. E é preciso acentuar que não é futebolista quem quer, mas quem nasceu com essa aptidão natural, que precisa depois de ser afinada. Além de mais, como cidadãos e trabalhadores de qualquer área, não são máquinas e como todos, estão sujeitos ao erro.
Além disso é uma actividade onde os trabalhadores estão sujeitos a altas pressões, da entidade patronal, da imprensa e dos adeptos. E fico espantado quando vejo os sócios dizer que lhes pagam os ordenados, e que isso lhes dá direito ao insulto. Brada aos céus! Quem lhes paga são os patrocinadores, e a publicidade.. A contribuição dos adeptos são amendoins.
As rescisões dos atletas do Sporting, são atípicas, e enquadram-se num modelo que vai muito para além do mero interesse de melhoria profissional. Enquadra-se num total divórcio com um presidente, que ao longo de meses (e até anos) os desrespeitou, pelo simples acto de, como é natural no desporto, também perderem. Enquadra-se no facto de não quererem mais, estar sob a alçada de um individuo, emocionalmente desequilibrado, com atitudes ditatoriais e egocêntricas. Disse "quando entrarem em campo sejam eu" porque depreende-se "eu" sou o Sporting.
Ao contrário dos que, seguindo a linha presidencialista, vilipendiam os profissionais, não entendendo as suas razões, quero dar a esses profissionais que vestiram a nossa camisola toda a minha solidariedade. E quero dizer ainda aos seus carrascos e que os tratam como criminosos, que até este momento nenhum deles ainda assinou por outro clube. E que, porque não saíram de ânimo leve, afirmo que, se não todos, alguns deles poderão voltar ao clube se este deixar de ser Bruno Clube e voltar a ser Sporting Clube de Portugal.
P.S.: Hoje joga a Selecção de Portugal. Esta, quando está em campo, é o meu principal clube, sejam quais forem os jogadores que a compõem. Precisamente por isso, vou estar com eles, enquanto português e patriota. Se há português que não o faça por razões de fundamentalismo clubista, lamento profundamente.
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