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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Costuma designar-se como eminência quem “manobra atrás da cortina”. A expressão foi atribuída ao frade conselheiro do cardeal Richelieu, pela influência, que na sombra exercia sobre ele. Em certo sentido, o Cardeal pelo poder que detinha na governação, durante o reinado do rei Luís XIII, também pode encaixar-se na designação.
Eminências pardas sempre existiram e sempre continuarão a existir quer na política, quer em outras áreas. O Sporting, para o bem ou para o mal, parece também ter a sua Eminência. E tudo indica que se chama Ricciardi. Só não vê quem não quer que este consócio exerce uma grande influência na vida do clube, mexendo os cordelinhos, nos bastidores, onde seguramente se encontra mais resguardado das contigências da ribalta. Se algo correr mal está não é da sua responsabilidade.
É provável que por detrás da propalada reestruturação financeira de Bruno de Carvalho, esteja a mão escondida de Ricciardi. Atrevo-me a dizer até, com as devidas reservas, que sem ele a elogiada reestruturação não teria sido possível. O papel de 'Eminência' que já exercia na banca, nunca se expondo, garantiu a Bruno de Carvalho colher os louros da dita “salvação do Sporting”, assumindo os riscos que Ricciardi não assume.
Na minha leitura destes quatro anos de mandato, a direcção exerceu, em certa medida, a função de testa de ferro do verdadeiro poder. Bruno de Carvalho, não passará, nesta perspectiva, de um empregado, com larga autonomia na gestão do futebol. Função que que se encaixa bem no seu perfil e na sua ambição de criança: de adepto a presidente que nunca soube ser, conseguindo visibilidade mediática e garantindo a sua subsistência. Por outras vias, o viscondato, ou "croquetes" na gíria popular, continua.
De quando em vez, Ricciardi aparece à luz do dia para pôr ordem no “barraco”, como aconteceu recentemente ao interferir no “caso” Jorge Jesus ou um pouco antes no apoio à recandidatura de Bruno de Carvalho. E estou convicto que a contratação de Jesus e a sua manutenção a alto custo, teve e têm o beneplácito de “Sua Eminência”.
Até agora o presidente aparenta ter o apoio do homem da finança “que mexe os cordelinhos”. Mas se a política desportiva se mantiver, como tem estado, sem um rumo coerente e se os desaires se acumularem, não me admiraria que o poder oculto tirasse o tapete a Bruno de Carvalho. Por isso, a sua sobrevivência está dependente como pão para a boca, de títulos já. E se não os conseguir só se pode queixar de si próprio. Não lhe faltaram oportunidades perdidas. Escolheu mal os seus mosqueteiros. À competência preferiu “yes-men”. As últimas opções mostram algum desespero.
Que margem de manobra lhe resta?
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