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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Não tenho dúvida alguma que a vasta maioria dos leitores ficou prontamente a pensar que o título do post é em referência a Bruno de Carvalho. Embora também lhe seja aplicável, pela evidência à vista, é igualmente pertinente à actual condição da minha pessoa, muito embora em menor escala. Fui sempre muito activo no desporto, nomeadamente durante a minha juventude, como é natural, quando pratiquei um vasto leque de modalidades desde a natação ao basquetebol, o atletismo, o nosso futebol, e até o "football" norte-americano, entre outras. Com o passar dos anos algumas modalidades ficaram para trás, mas novas surgiram, a exemplo das artes marciais, prática que só abandonei por completo há relativamente pouco tempo. Através deste longo percurso, nunca gostei muito de ir para o ginásio, embora o tenha feito ocasionalmente, e para agravar o estado das coisas sou um ávido fumador. Em 2006 sofri um evento cardíaco que o bom senso indica que deveria ter servido para me obrigar a repensar a minha condição, nomeadamente o fumar. Infelizmente, não aproveitei o ensejo, para meu mal. Recordo até, com algum humor, que depois de diversas horas na urgência e testes em cima de testes, o cardiologista que me assistiu veio informar-me que teria de ser internado durante alguns dias. Embora me sentisse mais estável, aceitei perfeitamente a situação, mas a primeira ideia que me surgiu foi de pedir ao médico para me deixar sair por uns minutos antes de ser transferido para outro andar do hospital. Ele compreendeu a minha intenção, sorriu e negou prontamente a hipótese. Já no período de recuperação, o mesmo médico convenceu-me a frequentar um ginásio organizado e eu assim fiz, apesar de ter o respectivo equipamento em casa. Disse-me ele que era importante estar num programa supervisionado e adequado à totalidade das questões de saúde que me incomodam, que não apenas o coração, e à minha estatura física - 1,87m e 97 quilos, 5/10 a mais do que deveria ter, sem ser só músculo. Aderi rigorosamente durante aproximadamente quatro anos, em média quatro ou cinco dias por semana, e até gostei imenso de ver regressar a musculatura que sempre me acompanhou. Um dia, há pouco mais de um ano, acordei desmotivado e nunca mais voltei ao ginásio. Como tudo na vida, é uma questão de hábito e rotina e quando se abandona é difícil recomeçar.
Vem esta longa história - até possivelmente sem grande interesse para os leitores - a propósito de um recém-divulgado eurobarómetro que indica que Portugal é um dos países da União Europeia onde os cidadãos fazem menos exercício físico ou praticam algum tipo de desporto, sendo apenas ultrapassado pela Bulgária e por Malta. Daqui, o título do post "falar menos (em desporto) e praticar mais (desporto)" !
Segundo as conclusões deste estudo encomendado pela Comissão Europeia, que inquiriu 28 mil pessoas entre Novembro e Dezembro do ano passado, os países do norte da Europa são fisicamente mais activos de que os do sul e do este. Na Suécia, um dos países com índices mais elevados de actividade física, 70% dos inquiridos dizem fazer exercício ou praticar um desporto pelo menos uma vez por semana, seguindo-se a Dinamarca (68%), a Finlândia (66%) e os Países Baixos (58%).
No fim da tabela está a Bulgária, onde 78% dos entrevistados dizem nunca fazer qualquer tipo de actividade física, seguida de perto por Malta (75%) e com Portugal (64%), a Roménia e a Itália (60% cada) a completarem a lista de países com menor índice de actividade física entre os cidadãos. No caso de Portugal, 64% dos inquiridos diz nunca fazer exercício físico e apenas 8% admite fazer desporto ou praticar exercício regularmente.
Para o comissário europeu do Desporto, estes resultados confirmam necessidade de tomar mais medidas para encorajar mais pessoas a praticar desporto e actividades físicas no seu quotidiano e que as autoridades locais em particular podem fazer mais neste sentido, por ser crucial, não apenas em termos de saúde individual e do bem-estar, mas também pelos custos económicos significativos resultantes da falta de actividade física.
E... tem plena razão, e eu que o diga, considerando o número de horas que eu passo ao computador, em casa ou no escritório, e sempre a fumar. Em abono da verdade, as "meninas" pediram-me para eu deixar de fumar no escritório e eu respeitei o seu pedido, embora não deixe de me dar ao trabalho, e ao incómodo, de ir à rua fazê-lo.
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