De Petinga a 01.10.2016 às 12:08
Explicacao. Transcrita do Blogue "amigo" A Norte de Alvalade, pelo leitor MMS.
"Esta "notícia" do JN é do mais miserável que vi nos últimos tempos. Por dois motivos, fundamentalmente, ambos relacionados com a total impreparação do jornalista que a escreveu:
- o absoluto tiro ao lado na interpretação do artigo 35º CSC;
- o absoluto desconhecimento do que possam ser suprimentos.
O artigo 35º não diz absolutamente nada do que refere o jornalista. Nada! Fala de perda de metade do capital social (relação entre capitais próprios e capital social) e fala da obrigação de o CA convocar uma AG para deliberar sobre várias possibilidades de resolução dessa perda (incluindo a dissolução). Possibilidades, reitero. O artigo 35º não tem nenhuma consequência automática para a situação de capitais próprios negativos, nem a dissolução nem outra.
Quanto aos suprimentos: um suprimento não é mais do que um empréstimo realizado à sociedade por um seu acionista. Considerando que foi a própria Sporting SAD a realizar as vendas, percebe o absurdo que seria contabilizar as vendas como suprimentos... O que não significa que a Sporting SAD não venha a solicitar suprimentos aos seus acionistas. Mas isso em nada está relacionado com compras, vendas, etc.
Isto dito, vamos lá às duas primeiras perguntas:
1. Era preciso vender? Era. A SAD teve um prejuízo de 32M€ em 15/16. O discurso da desnecssidade de venda foi para não colocar o Sporting em posição de desespero no mercado. Se me pergunta a minha opinião pessoal, não acho mal.
2. Está em risco a maioria na SAD? Com uma entrada de 18M€, parece-me que não (há outros temas, como as VMOC, que não vou abordar aqui). Fazendo umas contas de merceeiro, (a) mesmo que o aumento seja inteiramente subscrito pelo segundo maior acionista (Holdimo), que detém cerca de 30% do capital, (b) uma vez que o Sporting detém direta ou indiretamente 64%, (c) que o capital atual é de 67M e passará a ser, portanto, de 85M, parece-me que a participação da Holdimo não ultrapassará os 45% do capital social. Mas aqui, repito, as contas são de merceeiro, esta parte precisaria de alguma afinação em função de percentagens concretas, etc.
Quanto à terceira pergunta: o impacto das vendas será seguramente muito positivo no resultado deste exercício. Em regra, os capitais próprios só se melhoram com entradas dos acionistas (aumento do capital) ou com resultados positivos nos exercícios. É possível que ocorram ambas.
Só uma nota final: percebo perfeitamente que o LdA e muitos dos leitores do JN tenham sido levados ao engano por esta suposta "notícia". Como sabe sou jurista e por isso para mim é relativamente fácil desbravar o caminho das bacoradas do texto do JN. E por acaso a "notícia" toca em dois temas com que lido todos os dias tendo por isso bastado uma primeira leitura na diagonal para perceber o pouco que o jornalista (?) investigou antes de escrever tantos disparates ao mesmo tempo.
A conclusão a que chegamos é que quem publica no JN não prepara, sequer, o básico que lhe permita assegurar-se de que está a informar corretamente. E isso é triste."
Espero que isto seja claro. Sensacionalismos sao o mote da Imprensa desportiva portuguesa, que todos já sabemos ao que vai. Escusam os sportinguistas de alinhar pelo mesmo diapasao sem, pelo menos, se informarem melhor.