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FIFA: o futebol do treinador rico

Rui Gomes, em 06.03.18

 

A quarta substituição passa a ser mais um passo na direcção do jogo de tabuleiro e do açambarcamento de talentos pelos tubarões.

 

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Todos os Verões, os treinadores vão a Genebra tirar uma fotografia e conversar com a UEFA, não sei se por esta ordem ou ao contrário. Como aconteceria com um massagista ou um fiscal de linha que fossem à UEFA, os treinadores debatem, acima de tudo, coisas que lhes interessem pessoalmente. Paragens de tempo para dar instruções, substituições extra, mais suplentes.

 

Ao longo dos tempos, muitas das opiniões deles foram vencendo, migalha a migalha, sempre no mesmo sentido: o do controlo psicológico do jogo por quem o orienta a partir do banco, aproximando-o cada vez mais (perdão pelo lugar comum) da proverbial Playstation. O último episódio foi a entrada da quarta substituição nas leis do futebol, anteontem, de mãos dadas com o vídeo-árbitro.

 

Para quem se preocupa mais com o espectáculo, cada substituição ou espaço que se abre à maior intervenção do treinador no jogo devia ser um problema, porque são ataques à espontaneidade e à surpresa. Permitem a quem marca um golo tomar medidas imediatas para o defender, por exemplo. Mas também formata a acção dos treinadores e o próprio conceito do jogo. Não precisam de montar equipas ofensivas, nem defensivas, nem capazes de se gerirem autonomamente. É sempre possível dar-lhes uma volta completa a qualquer instante.

 

O pior desta quarta substituição, só permitida nos prolongamentos, nem será tanto o facto de ser mais um contributo para transformar o futebol em xadrez. O pior, num contexto em que se discute o distanciamento dos clubes ricos, é tomar uma medida que favorece, outra vez, quem tem dinheiro para comprar mais e melhores jogadores. E dar-lhes uma boa razão para continuarem a açambarcar talentos. Onde pára o Jorge Valdano?

 

José Manuel Ribeiro, jornal O Jogo

 

publicado às 03:57

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6 comentários

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De Mike Portugal a 06.03.2018 às 08:40

Eu concordo com a 4ª substituição no prolongamento.
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De Rui Gomes a 06.03.2018 às 09:50

O futebol é um jogo muito simples que foi complicado ao longo dos anos pelos treinadores. Ponto!

Subscrevo genericamente as observações de José Manuel Ribeiro.
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De antonio a 06.03.2018 às 11:58

Nao concordo com a questao do dinheiro... uma 4 substituicao em principio nao fará o número de jogadores no plantel aumentar. Por que motivo o fariam em funcao da 4 substituicao só disponível no hipotético prolongamento?
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De R. Ribeiro a 06.03.2018 às 12:06

Acho que existem coisas muito mais importantes a serem consideradas do que esta 4ª substituição. A meu ver, com 3 substituições, permite que os treinadores façam as primeiras com muito mais cautela do que caso tivessem 4.

Prevejo passar a acontecer algo deste género. Uma equipa que tenha marcado 1 golo na primeira parte, reforçará a defesa de forma quase impenetrável, com 3 elementos, enquanto ainda permite lançar um avançado ou outro elemento desequilibrador com a 4 substituição. Se actualmente temos um futebol extremamente fechado, em Portugal, assim ainda ficará pior. Passamos a ter jogos ganhos apenas por 1 golo ou pouco mais... Dizem que passará a haver um jogo de xadrez, eu não vejo assim. Vejo que se procurará encontrar jogadores com mais valia de confundir ou saber progredir no meio da defesa, ou muito altos para o jogo aéreo, ou que saibam fintar na primeira e rematar de longe no segundo toque, porque será quase impossível progredir em jogada numa defesa reforçada, mesmo a 2 elementos. É o que prevejo. Acho que há coisas muito mais importantes para se discutir no futebol do que esta, mas já está decidido.
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De Bento de Jesus Carvalho a 06.03.2018 às 12:35

Se houvesse realmente interesse em trazer algum equilíbrio entre clubes mais ricos e mais pobres, facilmente se tomariam medidas para isso!
Mas a realidade é que não há verdadeiramente esse interesse, nem internamente nem externamente!
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De JCR a 06.03.2018 às 20:17

O problema não está na 4ª substituição, mas sim, no cada vez mais desiquilíbrio que existe entre clubes ricos e clubes pobres, e de facto, é aqui que se devia atacar urgentemente, através do modelo parecido ao que existe nas modalidades profissionais dos EUA, não tenho o país como grande exemplo, mas nos desportos profissionais, aprecio e muito o que lá é feito, embora também não seja perfeito, mas creio que o exemplo do que se passa na NBA, NFL, NHL e MLB traria imensos benefícios ao futebol, a nível mundial!

A forma de se fazer esse equilíbrio é simples, orçamento comum para todas as equipas dum campeonato, e embora para meu espanto, a NBA tenha formas de se quebrar esse orçamento comum, ou seja, quem passa o orçamento, paga depois 1 imposto, não se respeitando assim a verdade desportiva, mas pode-se imaginar o que era em Portugal, se todos os clubes tivessem o mesmo orçamento para se gastar em jogadores, e quando falo em orçamento, falo para se pagar salários aos jogadores, até porque as contratações tinham que vir das camadas jovens, podia vir também doutros clubes, mas tinha que se manter o orçamento, através deste sistema, podia-se depois ver quem é que formava melhor, quem treinava melhor, etc, mas é claro que o modelo Americano não se podia clonar ao futebol, isto poque não há descidas de divisão, nem subidas também, mas podia-se adaptar algo assim, até porque qualquer coisa tem que ser feita para que o desiquilíbro seja muito menor do que é agora, e isso vê-se plenamente, na Liga dos Campeões, aonde a equipa que ganha, é sempre das que gastam mais e têm maiores orçamentos, qual é o interesse de haver 1 jogo entre, por exemplo, o PSG e uma equipa do Arzebeijão, por acaso existe aqui algum tipo de equilíbrio?

Basta ver também como é que o desiquilíbrio se anda a espalhar por essa Europa fora, como por exemplo, nos casos da Alemanha, Bayern pode ser hexa-campeão este ano, na Itália, a Juventus é hexa-campeão e pode chegar ao 7º título este ano, em Portugal, o SLB é treta-campeão, e o mesmo poderá vir a acontecer na França, com o PSG, aos poucos e poucos, esta tendência tende a espalhar-se por todo o lado, tirando assim, para mim, qualquer interesse às competições, quando já se sabe que é sempre o mesmo que vai ganhar, e por isso é que eu defendo orçamentos iguais para todos, pelo menos isso devia acontecer em cada país, e também seria possível depois disso, implementar-se nas competições Europeias, embora aqui não fosse fácil isso ser feito, mas isto traria muito mais e melhor competição e equilíbrio entre as equipas.

Conforme já alguém aqui disse, não há interesse nenhum em haver mais equilíbro entre os clubes ricos e os pobres, o interesse é sempre só 1, proteger quem tem mais dinheiro, porque algum desse mesmo dinheiro, vai sempre parar aos bolsos de quem protege esses mesmos clubes!

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