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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O site "Football Leaks" irrompeu no futebol português de uma forma que não pode deixar alguém indiferente. É quase inevitável a associação ao analista de sistemas Edward Snowden e ao WikiLeaks e, agora, aguarda-se pelo que virá a seguir. Dos “três grandes”, o Sporting é, para já, o mais afectado pela pirataria informática mas nenhum Clube está livre de fazer amanhã a primeira página dos jornais.
A informação que caiu no domínio público é de carácter confidencial ou, pelo menos, privado e a sua exposição poderá ser considerada crime. O referido site publica algumas informações que eram desconhecidas, mas muito já era suposto e circulava nas conversas ou nas redes sociais. A novidade deste caso estará na defenestração de conteúdos que deveriam ter sido acautelados a olhares invasores e na articulação entre assuntos que eram, até aqui, vistos de forma avulsa ou separada e agora adquirem uma relação entre si que antes não tinham.
O site Football Leaks revela bem o grau de rivalidade e de competição que se atingiu no futebol português entre os principais protagonistas e que o "vale tudo" que daí decorre constitui uma mistura explosiva quando associado com analistas de sistemas, comunicação e redes sociais. Penso que no final ninguém se ficará a rir, restando apenas a esperança de que o futebol fique bastante mais limpo quando tudo terminar.
No caso do Sporting, que é o que particularmente me interessa e preocupa, estou convicto da veracidade da informação que foi despejada. Concluo, por isso, que a actual direcção do Clube faz tábua rasa de princípios essenciais da transparência tantas vezes apregoada e raramente praticada. A Direcção que fornece informação interna ao público exterior à conveniência da sua estratégia de poder confronta-se, agora, com o carácter perverso da sua própria actuação. O feitiço virou-se contra o feiticeiro.
Há entre os sportinguistas uma suposição de conhecimento sobre a vida do Sporting como nunca se imaginara antes. São anteriores dirigentes ou altos quadros do Clube e as suas remunerações, as transferências de jogadores e as verbas envolvidas para empresários, Fundos e comissões, o Estádio de Alvalade ou a Academia e as despesas acrescidas com eventuais atrasos nas obras, rectificações ou outras razões. A forma como tudo isto foi vertido para a esfera pública soa, frequentemente, a vingança e a retaliação por razões de oportunidade imediata ou futura.
A vida interna do Sporting não caiu por estes dias na praça pública. Desde que assumiu o poder a Direcção presidida por Bruno de Carvalho ocupou-se zelosamente de fazer sangrar feridas que não foi capaz ou não desejou curar internamente. Agora, bebe, ela própria, do veneno que fez provar a outros.
Chegados aqui, confrontamo-nos com a dúvida que a quase todos ocorre em situações idênticas, se, afinal, o verdadeiro problema reside na “mensagem” ou no “mensageiro”. Por mim, coloquei ao alcance da mão um princípio que há muito me acompanha: “O que eu temo não é a estratégia do inimigo, mas os nossos erros.” (Péricles)
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