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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
No tempo em que o futebol não era transmitido directamente pela televisão, íamos ao estádio ou ouvíamos os relatos na rádio. Nesses tempos, já míticos, o jogo passava-se dentro das quatro linhas e não havia comentadores avençados, verdes, azuis, ou vermelhos, nos painéis de todas as estações televisivas. Liam-se as análises à segunda-feira nos jornais desportivos e discutíamos o jogo à mesa do café. Depois, íamos à nossa vida, que o homem também vive de pão.
Hoje temos futebol de domingo a domingo. Todos os dias se joga na imprensa desportiva e sobretudo nos múltiplos programas de debate na televisão. Discutem-se lances, escalpelizam-se imagens de jogadas até à exaustão,de forma obsessiva e sem qualquer efeito prático, porque todos nós, adeptos, só as conseguimos ver com a cor dos olhos do nosso clube. E sobre a mesma jogada, conseguimos arranjar argumentos para puxar sempre a brasa à nossa sardinha. Os programas desportivos e os seus 'paineleiros' estão a transformar o futebol numa actividade tão ou mais alienante que a religião mais fundamentalista. No entanto por detrás destes senhores está quem atira a pedra e esconde a mão, o dirigismo dos clubes que os patrocinam. E não sejamos ingénuos, são todos.
E como se isto não fosse pouco, temos agora as máquinas de comunicação dos clubes, principalmente dos chamados três grandes, a debitar impropérios, acusações, suposições, insinuações, sobre os adversários e sobre a arbitragem que, naturalmente, não é impoluta. A culpa nunca é da equipa que joga mal, nem do treinador que erra na táctica, na estratégia e no treino, nem da estrutura desportiva e dos seus responsáveis. Vivemos no tempo do virtual e não do real. Uma coisa é o que se passa, outra é a que nos é fornecida pelas máquinas clubísticas, através dos "média". Análise fria e rigorosa, sentido crítico não existe. Adeptos somos cada vez mais seres pensantes que não querem pensar, mas apenas reproduzir o discurso dos seus líderes.
Às vezes, tenho saudades desse futebol genuíno de pontapé na bola, que não é mais que recordação. Este futebol, fora do jogo, afasta-me cada vez mais do prazer de ver jogar à bola. Este dirigismo que não vive para o futebol, mas do futebol, causa-me urticária. Cada dia que passa sinto-me mais longe deste mundo de vale tudo, uma espécie de pão e circo moderno. Por este caminho para onde vais futebol?
P.S.: Nunca fui adepto de alianças entre dois clubes como intuito de prejudicar um terceiro, mas com o mal dos outros posso eu bem. Por isso, não gostei de ver o meu clube entrar nesse jogo viciado que apenas irá beneficiar um dos aliados.Quando a luta entre os aliados se torna acesa é certo que acabarão por partir a palha a coices. É o que poderá acontecer entre o Sporting e o Porto. Segundo uma notícia que vi no Record, as picardias já começaram. Não é nada que não fosse previsível e não havia necessidade. Mudam-se os tempos, vêm os que se apregoam de diferentes, mas continua tudo na mesma, ou arriscaria a dizer, muito pior.
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