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Fotografia com história dentro (141)

Leão Zargo, em 31.03.19

 

Malcolm Allison Taça Portugal 1981-82.jpg

 

“Big Mal”

 

O Sporting teve uma temporada desastrosa em 1980-81. Praticamente, o pior aconteceu em todas as provas em que participou. Para a época seguinte, o presidente João Rocha considerou que para o cargo de treinador teria de haver uma decisão inesperada e ousada. Tendo falhado a intenção de contratar José Maria Pedroto, seguiu uma sugestão de John Mortimore e foi buscar Malcolm Allison. O plantel era forte. A Manuel Fernandes, Jordão, Eurico, Carlos Xavier, Bastos, Inácio, Mário Jorge, Ademar e Nogueira, entre outros, acrescentou António Oliveira e Ferenc Mészáros.

 

“Big Mal” foi o mais heterodoxo de todos os treinadores do Sporting das últimas décadas, talvez mesmo incomparável em toda a história do Clube. Jogadores e adeptos contam inúmeras histórias a propósito dele, fascinantes, umas, e inverosímeis, outras. Com os seus métodos de treino, filosofia de jogo e cultura desportiva formou com Oliveira, Manuel Fernandes e Jordão um triângulo ofensivo inesquecível, um meio campo operário e uma defesa de betão. Houve sempre uma história de conflitos de egos entre as três estrelas da equipa, mas o Sporting conquistou o Campeonato e a Taça de Portugal.

 

Em Alvalade os jogos começavam vinte minutos antes da hora marcada quando Malcolm Allison ascendia ao nível do relvado junto da Bancada Superior Sul. O efeito era poderoso. Carlos Xavier contou mais tarde que “quando íamos a caminho do relvado já estávamos em pele de galinha, porque o Allison entrava em campo antes de nós e era um espectáculo dentro do próprio espectáculo. Dava a volta ao campo com o braço no ar a segurar o inconfundível chapéu. Os adeptos deliravam e nós também. Houve uma altura em que até havia música ao vivo e se tocava o Comanchero. O Estádio ia abaixo”.

 

Na pré-época de 1982-83, João Rocha cometeu talvez o maior erro da sua gestão ao despedir “Big Mal” durante o estágio na Bulgária. Uma história nunca esclarecida que terá gerado grande instabilidade e indisciplina na equipa de futebol. O presidente suspendeu o técnico, despedindo-o pouco depois, e António Oliveira foi nomeado jogador-treinador. Depois de ter conquistado a sua quinta “dobradinha”, o Sporting terá iniciado a fase que o conduziu à secundarização desportiva no futebol nacional.

 

publicado às 13:00

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4 comentários

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De RCL a 31.03.2019 às 19:06

Foi a melhor época de sempre que assisti. Allison construiu uma verdadeira equipa ,alem do triângulo que referiu a defesa era de betão. Allison tinha grande consideração por Nogueira, autentico "varredor"
Dizia-se à "boca pequena" que João Rocha não gostava muito das voltas ao campo do "Big Mal", entre outras coisas.
Leão Zarco é bom trazer aqui estes posts do passado vitorioso do Sporting.Dos 9 campeonatos ganhos pelo Sporting a que assisti houve sempre um traço comum : A união entre adeptos.
SL
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De Leão Zargo a 31.03.2019 às 21:53

Caro RCL

É muito justa a referência a Nogueira. Malcolm Allison chegou a afirmar que havia dois génios no plantel leonino: Oliveira e Nogueira. Na realidade, o treinador não prescindia dele, esteve em vinte e quatro jogos para o Campeonato e em todos para a Taça de Portugal. Era um autentico "varredor", um verdadeiro jogador de equipa.

A união dos adeptos contribui (e muito!) para a solidez da estrutura do futebol. É meio caminho para o sucesso!

SL
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De Naçao Valente a 31.03.2019 às 22:13

Caro Leão Zargo,

Um das grandes fragilidades dos presidentes, à parte a sua maior ou menor competência, é terem a mão leve para o despedimento ao primeiro desaire. João Rocha não foge à regra. Um bom presidente tem de saber resistir à voz da rua.
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De chakraindigo a 31.03.2019 às 23:36

Caro Nação Valente,

João Rocha foi um dos melhores presidentes que o futebol português já teve.

A sua visão do Sporting tornou o clube o mais ecléctico, e o mais titulado nas modalidades.

Duvido muito que tivesse abdicado de Malcolm Alisson por precipitação ou inveja da sua popularidade, como já li por aí.

in "Big Mal&Companhia"

Como o presidente confidenciou ao jornalista Vítor Serpa de A Bola, o Sporting não teria vantagem em comparar-se ao rival da mesma cidade se apostasse todas as fichas na discussão futebolística.

Para Rocha, o desígnio é outro. O Sporting tem de ser uma cidade desportiva. Tem de reunir milhares de associados e praticantes de modalidades.

Da força dos números virá a força das receitas económicas, o poder reivindicativo e a capacidade de aglutinação dos genuínos desportistas.

O Sporting de Rocha será sempre o Sporting do eclectismo, dos 15 mil praticantes e dos 100 mil sócios, tão cativado por uma medalha de Carlos Lopes, um remate de António Livramento ou uma pedalada de Joaquim Agostinho como por um golo da equipa de futebol."

Presidentes e líderes há muitos, mas com visão estratégica, existem muito poucos, e João Rocha, provou por actos e obra feita, merecer um destaque especial no desporto português.

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