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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Em 1975 não se realizou a Volta a Portugal em bicicleta. A partir de Fevereiro desse ano verificou-se um grande debate no ciclismo português pela opção entre amadorismo e profissionalismo. O Sporting e o Benfica defenderam o profissionalismo, enquanto que o FC Porto optou pelo amadorismo. Perante a indefinição, o Benfica em Assembleia-Geral votou a suspensão da modalidade e o presidente João Rocha decidiu preparar uma equipa para participar na Volta a França. Nesse ano, em Portugal a principal prova foi Grande Prémio Clock, que Joaquim Agostinho venceu.
O presidente leonino conseguiu o patrocínio do Banco Pinto e Sotto Mayor e das bicicletas Lejeune. A equipa era composta por Joaquim Agostinho, Firmino Bernardino, Fernando Ferreira, José Amaro, Joaquim Carvalho e Manuel Silva e os franceses Francis Campaner, Ferdinand Julien, André Mollet e Bernard Labourdette, com o director desportivo Raphaël Geminiani. O Tour decorreu entre 26 de Junho e 20 de Julho, mas a equipa do Sporting viajou antes para fazer um estágio em Issambres e correu o Tour de L’Aude, que Agostinho terminou em 3º lugar depois de ter andado com a camisola amarela até ao último dia.
A relação entre o director desportivo e os portugueses degradou-se rapidamente. Para além de questões de mentalidade e cultura e de dificuldades de comunicação por causa da língua, foi imposto um regime alimentar ao qual os ciclistas lusos nunca se adaptaram. Queixavam-se de fome e de falta de forças. Com Agostinho os problemas agravaram-se depois de um contra-relógio entre Morzine e Châtel, quando, depois de ter ultrapassado dois competidores, recusou-se a fazer o mesmo a Raymod Poulidor. “Ia lá passar o senhor Poulidor!”. Geminiani que já se queixara que “não posso traçar tácticas para um corredor que faz a corrida pela sua cabeça”, ficou furioso.
Firmino Bernardino, que estava a fazer uma boa prova, foi obrigado a desistir e Agostinho andava por lugares na classificação abaixo do habitual. A relação de Geminiani com os ciclistas piorara ainda mais e, frequentemente, tinha de ser o mecânico Francisco Araújo a dar indicações. Antes da 15º etapa, que partiu de Nice, João Rocha estabeleceu que era imprescindível chegar aos Campos Elísios, em Paris. No final, concluíram a prova cinco sportinguistas, mas Agostinho foi o 15º, o seu pior resultado no Tour. O Sporting ficou em 9º entre treze equipas.
*Na fotografia, Joaquim Agostinho sobe o l'Izoard, nos Alpes (Tour de France 1975).
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