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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
“Eu nem do Sporting de lá gosto, quanto mais do de cá. Tudo o que hoje sou é graças a mim, aos meus colegas e ao Benfica”, garantiu Eusébio numa entrevista à revista Única do jornal Expresso, em 12 de Novembro de 2011. Na entrevista, afirmou também que em Moçambique, na época colonial, o Sporting “era o clube da elite, da policia e dos racistas”.
A fotografia é da equipa júnior do Sporting de Lourenço Marques na época de 1959-60 onde tinham lugar os jovens brancos, negros, mestiços, indianos e chineses da capital moçambicana desde que tivessem qualidade para isso. Eusébio foi primeiro ao Desportivo de Lourenço Marques para prestar provas e não o deixaram treinar. A seguir, compareceu no Sporting e o treinador Nuno Martins integrou-o no plantel júnior leonino.
Nessa entrevista, Eusébio foi muito injusto para com o clube que o recebeu. Na verdade, durante três anos ele jogou nos juniores e nos seniores dos leões laurentinos, tornando-se uma estrela do futebol moçambicano por mérito próprio, mas também por mérito do clube que lhe deu formação e o lançou como futebolista. Foi igualmente injusto para com Nuno Martins que o aconselhou, ensinou, preparou e encaminhou em diversas circunstâncias.
No essencial, a ida de Eusébio para o Benfica é bem conhecida. O presidente do Benfica Maurício Vieira de Brito agiu com prontidão audaciosa e entregou 250 contos à mãe e ao irmão mais velho do jogador, enquanto que o presidente do Sporting Brás Medeiros estava convicto de uma hipotética prioridade pelo facto dele jogar numa filial leonina, como se tinha verificado até essa data com os jogadores ultramarinos.
No diferendo entre os clubes, o Sporting teve o apoio da Direcção-Geral dos Desportos e o Benfica da Federação Portuguesa de Futebol. Houve histórias de espionagem pelo meio, Eusébio ainda esteve quase a ir para o Sporting através de Hilário, mas foi escondido no Algarve para não ser aliciado. Durante alguns meses, de Dezembro a Abril de 1961, ele ainda era jogador do Sporting de Lourenço Marques. Finalmente, em Maio, verificou-se uma decisão federativa favorável ao clube encarnado.
O antigo dirigente leonino Carlos Vieira propôs que deveria haver um espaço para Eusébio no Museu do Sporting. Não tem razão, pois o jogador nunca revelou reconhecimento ou carinho pelo nosso Clube e os sportinguistas vivem bem com o seu património histórico. Eusébio é do Benfica e terá o devido destaque no Museu encarnado.
Na fotografia, uma equipa de juniores do Sporting de Lourenço Marques em 1959-60:
Em cima - Braga Borges, Leitão, Bessa, Sal, James (capitão), Coelho e Delfim;
Em baixo - Madala, Roberto Mata, Eduardo, Eusébio, Morais Alves e Isidro.
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