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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Manuel Fernandes, que completou ontem 70 anos, faz parte de uma restrita plêiade de grandes capitães de equipa do Sporting CP. No campo, ele parecia que jogava a um ritmo superior ao que os seus pulmões e músculos permitiam e transmitia-nos aquilo que é intrínseco ao futebol: a ilusão. A ilusão de que com ele a vitória seria possível, de que havia alguém que determinava o jogo, que não receava ter a bola e procurar o golo redentor.
No Estádio, suspendíamos a respiração quando, com o seu olhar de coragem e de orgulho, galgava metros e metros no relvado e se esgueirava dentro da grande área por entre os adversários. Ou, quando, de súbito, a bola cruzada morria-lhe no peito e ele a parava num movimento por nós já bem conhecido e, num improviso, disparava a esfera feita fera. No campo escrevia poesia.
Perante os adeptos, num jogo de futebol, Manuel Fernandes exprimia vigorosamente o sentimento leonino mais forte. Ficou inesquecível quando no final do jogo com a União de Leiria, num gesto insólito de loucura e de paixão, correu sozinho de braços abertos direito à multidão que invadira o relvado, desaparecendo no meio do entusiasmo sem limites da festa da conquista do título de campeão nacional em 1979-80.
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