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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Ramiro Pinheiro era um homem especial, diferente. Culto, inteligente, abnegado, solidário e voluntarioso marcou os que o conheceram. Engenheiro civil e assistente no Instituto Superior Técnico de Lisboa, pertencia à elite do andebol nacional. Integrou a melhor equipa andebolista de sempre, “Os Sete Magníficos”, que dominou a modalidade no nosso país durante a segunda metade de 1960 e a primeira metade de 1970. Fazendo equipa, nomeadamente, com Bessone Basto, Carlos Correia, Manuel Brito, Adriano Mesquita, Manuel Santos Marques e o irmão Alfredo Pinheiro conquistou com a camisola leonina sete campeonatos nacionais, cinco deles consecutivos: 1965-66, 1966-67, 1968-69, 1969-70, 1970-71, 1971-72 e 1972-73.
Em 1973, Ramiro Ribeiro foi incorporado no Exército e a seguir mobilizado para Angola. Era capitão miliciano e continuava de leão ao peito, jogando andebol pelo Sporting de Luanda. Mas, apesar da assinatura do Acordo de Alvor e da formação de um governo de transição, os tempos eram de fúria e de conflito na capital angolana.
Numa segunda-feira, em 3 de Fevereiro de 1975, junto ao Mercado de São Paulo, um motorista branco atropelou uma criança negra. O acidente resvalou para uma discussão violenta, com exibição de armas. Conhecido pelo seu temperamento firme, mas dialogante, Ramiro Pinheiro foi convocado para controlar os ânimos, juntamente com um alferes português e militares da FNLA. De súbito, dos que estavam no local, houve disparos que provocaram a morte de quatro civis, dois militares portugueses e um sargento da FNLA. Entre os mortos estava Ramiro Pinheiro. Tinha 29 anos, uma esposa e dois filhos.
Na fotografia, a equipa do Sporting CP de andebol que foi Campeã Nacional em 1965-66. Ramiro Pinheiro está na fila de baixo e é o primeiro à direita.
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