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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Abrantes Mendes e a tentativa por Pelé
A vida de António Abrantes Mendes cruzou-se com o Sporting durante quase meio século. Na realidade, começou em 1926 nos juniores e vestiu a camisola leonina até 1939, tendo integrado uma linha avançada precursora dos “Cinco Violinos”, com Mourão, Gralho, Valadas e “Abelhinha”. Depois, jogou ao lado de outros grandes nomes como Peyroteo, Pireza, Soeiro e Francisco Lopes. Chamaram-lhe o “avançado doutor” por se ter licenciado em Direito. Vestiu a camisola das quinas por duas vezes.
Quando terminou a sua carreira de jogador de futebol, Abrantes Mendes continuou ligado ao Sporting. Foi “olheiro” (por exemplo, descobriu o avançado João Martins na CUF), treinador (dos juniores por várias vezes, da equipa principal em 1945-46 e adjunto de Cândido de Oliveira), dirigente (fez parte das direcções dos presidentes Joaquim Oliveira Duarte e António da Cunha Rosa) e Secretário Técnico da equipa que conquistou a Taça dos Vencedores das Taças, em 1964.
O jornalista Afonso de Melo publicou no jornal i (11.8.2017) uma história verídica sobre o dirigente sportinguista, mas pouco conhecida. Aconteceu no início de 1964 quando ele foi ao Brasil tentar contratar Pelé. O Sporting possuía um plantel fortíssimo, que se equivalia ao do Benfica, ficando apenas a perder pelo desempenho de Eusébio que frequentemente desequilibrava nos jogos decisivos. Por sua vez, o craque do Santos atravessava um tempo conturbado no clube que o acusava de pouco empenhamento e de aburguesamento. E que se queixava demasiado de lesões.
No Brasil, Abrantes Mendes entrou em contacto com os dirigentes santistas, apresentou uma proposta financeira, que no entanto não foi aceite. É que, entretanto debelada uma lesão, Pelé levou o Santos à vitória no Campeonato Paulista, sendo o melhor marcador da competição, e teve um papel decisivo na goleada por 5-1 à Inglaterra, no Maracanã, em Maio desse ano. Um pouco por essa razão, o Secretário Técnico leonino regressou a Lisboa de mãos a abanar e Pelé ficou no clube brasileiro ainda por mais dez anos, até 1974.
Na fotografia, equipa leonina em 1935-36
Em cima: Martinho de Oliveira (capitão-geral), Faustino, João Correia “Abelhinha”, Rui Araújo, Jurado, Vianinha, Azevedo e Wilhelm Possak (treinador);
Em baixo: Abrantes Mendes, Pedro Pireza, Manuel Soeiro, Adolfo Mourão e Francisco Lopes.
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