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A procuradoria-geral francesa estará em negociações com as autoridades portuguesas com vista à possibilidade do hacker Rui Pinto receber imunidade para evitar que seja julgado no âmbito de uma alegada tentativa de extorsão de agentes da Doyen Sports em 2015.
A informação foi avançada pelo jornal britânico he Guardian este sábado, num artigo intitulado "Como o caso Football Leaks se tornou num enorme escândalo político em Portugal".
O Parquet National Financier (PNF), instituição judiciária francesa, investigou a alegada corrupção nos votos dos Mundiais de 2018 e 2022 e é responsável pela aplicação da lei contra crimes financeiros em França. O organismo gaulês defende veemente que o valor das revelações de Rui Pinto é bem mais importante do que a alegada gravidade do crime contra a Doyen de que é acusado em Portugal.
O pirata informático português já admitiu ser um das fontes por trás do Football Leaks, após ter enviado milhares de documentos relacionados com esquemas de corrupção no futebol internacional ao consórcio EIC (European Investigative Collaborations).
"Rui Pinto tem mais medo do que poderá acontecer no palco político, porque o futebol português está completamente entranhado nos mecanismos do Estado", revela Rafael Buschmann, jornalista da revista alemã Der Spiegel.
"Quando ele me disse isso pela primeira vez, não estava seguro de que assim fosse, mas quando me apercebi do envolvimento de António Cluny [procurador que representa Portugal na Eurojust – Unidade Europeia de Cooperação Judiciária] pensei 'Bolas, ele tem razão'."
Com o pedido de imunidade, as autoridades francesas pretendem que Rui Pinto continue a colaborar livremente com as investigações à corrupção no futebol já em curso, nesse e noutros países europeus.
Especialistas em Direito Penal dizem que o português só será abrangido pelo recém-criado Regime Europeu de Proteção de Denunciantes se se provar que ele não tentou extorquir agentes da Doyen há quatro anos.
As autoridades francesas já têm em sua posse 26 terabites de dados cedidos pelo hacker português, bem acima dos 3,4 teras de informação que Rui Pinto tinha enviado ao EIC em 2016, e que incluíam emails privados de algumas das figuras mais influentes do mundo do futebol.
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