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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A segunda série de comentários humorísticos de Rogério Casanova, jornal Expresso, sobre a performance de jogadores do Sporting no jogo diante o Arouca:
Recebeu instruções para se encarregar da primeira fase de construção do jogo ofensivo do Arouca e tentou cumprir a tarefa com brio, dentro das suas limitações, perdendo oitocentas mil bolas na primeira parte, e supervisionando atentamente a movimentação de Mateus no golo inaugural. Borrou a pintura ganhando uma bola na área e assistindo Bruno César para o 1-2. Marvin Zeegelaar é um anagrama de "Rega em relva Nazi". Deixo aqui esta informação, sem comentário adicional.
Esteve muito bem a desdramatizar, de resto a sua principal função hoje. Desdramatizou situações de pressão encolhendo os ombros, desdramatizou picos de confusão no meio-campo com toques de primeira, desdramatizou passes errados dos colegas com recepções orientadas que podem ser traduzidas como "não precisam de pedir desculpa, vai correr tudo bem". Ao minuto 88 desdramatizou uma incursão de um adversário pelo centro do terreno e levou um nada dramático cartão amarelo.
Costuma ser dito de génios visionários - aqueles cujos fracassos são vindicados pelo futuro - que são homens "à frente do seu tempo". Bryan Ruiz é nesta altura um homem "atrás do seu espaço", no sentido em que quase todas as suas acções só seriam vindicadas se as coisas à sua frente fossem outras: se fossem, nomeadamente, as coisas atrás de si. Esta desorientação espacial costuma provocar uma sensação de náusea; eu, pelo menos, começo a senti-la com alguma frequência.
Continua a trabalhar na sua tese de mestrado de Lógica Modal dedicada aos paradoxos, provisoriamente intitulada "Como combinar com o lateral da minha faixa sem combinar com Schelotto". Mesmo num dia menos inspirado ao nível das habilidades impulsivas, acabou invariavelmente por dar melhor seguimento aos lances quando fez as coisas sozinho. Esteve perto do golo ao minuto 29, com um remate ao ângulo desviado por Bolat, um dos dezasseis mil e quinhentos guarda-redes com contrato profissional com o Porto - o mesmo que evitou aos seus pés, já nos descontos, o golo da tranquilidade.
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