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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A segunda série de comentários humorísticos de Rogério Casanova, jornal Expresso, sobre a performance dos jogadores do Sporting no embate contra o Benfica:
Fez um amplo e eficaz trabalho invisível, acumulou cortes, intercepções e desarmes (quatro nos primeiros três minutos). Enorme a recuperação em velocidade ao minuto 53, desarmando Rafa e anulando um contra-ataque perigoso. Em posse não conseguiu ser omnipotente, mas é como diz o provérbio popular (um provérbio popular que só William usa): nuns dias conseguimos coreografar o caos; noutros dias, resta-nos improvisar no meio dele.
A verdade é que se tornou o super ego da equipa - e também dos adeptos: um braço perpetuamente estendido, apontando na distância, com suprema autoridade, e para lá da linha do horizonte, o raio que vos parta a todos.
Marcou exemplarmente aquele que podia ter sido um dos penáltis mais celebrados da história do Porto e fez uma boa exibição, com uma frescura física a milhas de distância da que mostrou na semana passada (em que parecia estar a recuperar não de uma lesão, mas de uma adolescência em Chernobyl). Capacidade de choque, forte nas bolas divididas, lúcido a distribuir, e voltando até a mostrar o seu jeito para manter a posse de bola não só com circulação, mas com mini-incursões centrais em velocidade.
Era a única pessoa do onze inicial capaz de ultrapassar pessoas com fintas e em velocidade, portanto, dedicou-se a ultrapassar algumas pessoas com fintas e em velocidade, confiante de que o resto viria por acréscimo. Tem sido intrigante, a relação de Gelson esta época com o resto do talento disponível no Sporting; intrigante, mas nem sempre sinergética: como ver uma pessoa sem capacidade de interpretar silêncios (incapaz, por exemplo, de decifrar se significam conforto ou tensão) tentar obsessivamente manter uma conversa com um grupo de pessoas que procuram constantemente mudar de assunto.
Jogo de esforço, em que foi mais visível a fazer faltas e cortes de carrinho, a cobrir, dobrar e pressionar, do que propriamente a criar. Ainda assim, no ataque, conseguiu a proeza significativa de ser um extremo eficaz e esporadicamente perigoso sem ter ganho um único lance no 1x1 a Nelson Semedo. De assinalar a notável superioridade atlética que mostrou sobre Lindelöf num lance dividido dentro da área, ainda na primeira parte, conseguindo ganhar uma bola de cabeça ao sueco usando apenas partes do corpo localizadas abaixo do pescoço. Saiu aos 79 minutos, esgotado. E fez falta, como faz sempre que não está lá.
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