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Rogério Casanova, jornal Expresso, com a sua usual análise humorística sobre a performance dos jogadores do Sporting, na terceira jornada da I Liga contra o Vitória de Guimarães:

 

Rui Patrício

A sua longa especialização em evitar que erros de jogadores do Sporting resultem em golos contra o Sporting começou a render frutos ao minuto 18, quando evitou que o erro de um jogador do Sporting (no caso, Rui Patrício) resultasse num golo contra o Sporting. Mesmo nestes jogos desprovidos de traumas ou fricções, entra sempre com todos os seus recursos físicos e psicológicos em estado de alerta, como mostrou no lance ao minuto 32, em que interceptou um cruzamento perigoso com o queixo, o nariz, o lábio inferior, o ombro esquerdo, e a mão direita, mais ou menos por esta ordem. Exemplar a mancha na segunda parte, evitando não apenas o golo, mas também um destacável ilustrado de 16 páginas sobre o erro de Piccini na edição de amanhã do Correio da Manhã.

 

Piccini

Exibiu toda a sua visão de jogo no lance do 0-1, ao encontrar o único jogador em campo (e um dos poucos na história recente do clube) capaz de marcar um golo daquela posição. A atacar, somou o tipo de iniciativas cuja designação correcta é "interessantes", no sentido em que não foram (hoje) bem sucedidas, mas foram bem pensadas, bem executadas, e sugerem um lateral-direito com um QI que não pode ser medido em apenas dois dígitos. O que é interessante, até por ser novidade. A defender, teve uma única falha no jogo inteiro. Mas o certo é que viemos de duas épocas consecutivas em que a organização ofensiva de qualquer adversário tinha sempre um Plano A - fazer lançamentos longos para as costas de João Pereira ou Schelotto - e raramente precisava de um Plano B. Agora isso não é suficiente. Piccini costuma estar no lugar certo para isso não ser suficiente. O que, pelo menos para já, é suficiente.

 

Coates

Com o cordão sanitário devidamente instalado à volta da pequena área, limitou-se a pequenas patrulhas de circunstância e a dois ou três lances incaracteristicamente cautelosos, em que decidiu não arriscar e ceder canto. Na verdade pode nem ter sido cautela, mas sim a sua formidável leitura de jogo, que o informou a tempo e horas que hoje nem de canto ia haver problemas.

 

Jérémy Mathieu

Depois de oitenta e quatro minutos a explicar com heróica paciência aos jogadores vimaranenses que não, que eles não tinham razão, que não era assim que se fazia, e que todos os seus argumentos eram inválidos, sofreu um toque no tornozelo direito e saiu para o balneário, presumivelmente para receber a assistência médica de que eu próprio senti necessidade quando percebi que ele saiu lesionado.

 

Fábio Coentrão

Primeira assistência para a sua conta pessoal, estando agora apenas a um abraço de Dost de igualar o total de Zeegelaar na época anterior. Intratável no 1x1 com Raphinha, nunca passou por apuros de maior a defender, excepto a meio da primeira parte, quando se viu numa situação de inferioridade numérica perante uma falange de adeptos do Guimarães organizados num sistema táctico 40-40-20 e munidos de papéis amarrotados, esferográficas, farrapos de plásticos e uma dezena de isqueiros intrigantemente familiares.

 

Rodrigo Battaglia

O melhor passe longo da sua curta carreira no clube deu início à jogada do 0-3 e esse inesperado sucesso pareceu ter-lhe aberto o apetite para testar novos raios de alcance: na segunda parte era vê-lo a ensaiar variações de flanco à mínima oportunidade. De resto, perdeu-se a conta ao número de iniciativas do adversário que abortou. Como um psicopata num safari, encarregou-se de assassinar tudo o que mexia. Tão ágeis e atarefadas pareciam aquelas pequenas combinações do Vitória no meio-campo! Tão iludidamente optimistas aquelas jogadas - e aquelas crias de jogadas - a saltitar pela relva no seu habitat natural! Átila, o Huno, gostava de dizer que por onde ele passasse, a relva não voltaria a crescer. Mais modesto, mais lúcido, mais profissional, Battaglia contenta-se em deixar a relva no sítio e exterminar apenas toda a vida inteligente.

 

 

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Adrien Silva

O raio de acção parece infinitesimalmente maior de jogo para jogo - hoje tanto aparecia a fazer desarmes na sua área (minuto 5) como a fazer recuperações no último terço (segundos depois). A velocidade de reacção é que não parece estar a ser recuperada ao mesmo ritmo. Continuam a surgir múltiplas ocasiões de jogo em que o corte, ou o passe, ou o toque de habilidade, chega uma fracção de segundos depois do pretendido. Não jogou mal; mas também ainda não jogou o que (ele) sabe e (a gente) precisa. E há, de resto, sempre um índice infalível para perceber se o próprio Adrien está satisfeito com a sua exibição: deixá-lo marcar um golo e examinar a sua cara nos festejos.

 

Gelson Martins

Não vá o rapaz sentir a ânsia dos "novos desafios" ou de "conhecer novas paragens", arranjou-se um expediente para evitar que mude de clube, e de país: mudá-lo de posição. É eminentemente argumentável que já podia e devia ter acontecido há mais tempo e em mais ocasiões. Obriga-o a pensar de maneira diferente, e a não transformar aquela transtornante facilidade de drible numa colecção de automatismos. Hoje foi frequente vê-lo com espaço livre à sua frente e com um espalhafato de adversários na sua esteira - uma Guernica de pitons no ar, chuteiras viradas, meias do avesso - para hesitar no momento de definição, ao ver-se confrontado com um insólito excesso de opções. Mas é insistir, que só lhe faz bem. A ele e à equipa.

 

Marcos Acuña

Começou no seu posto habitual na esquerda, onde se empenhou em correr uns metros, levantar a cabeça, procurar Dost, e sofrer falta. A meio da primeira parte foi desviado para a faixa direita, onde revelou uma impressionante capacidade de adaptação, tendo de imediato corrido uns metros, puxado para dentro, levantado a cabeça, procurado Dost, e sofrido falta. Nas bolas paradas, de livre ou de canto, continua a semear a esperança entre os colegas: braços erguem-se por toda a grande área, como numa sala de aula em que o professor faz de repente uma pergunta fácil. De bola corrida, continua a falhar demasiados passes simples e terá obrigatoriamente de mostrar muito mais do que mostrou hoje.

 

Bruno Fernandes

A pré-época foi suficiente para perceber que rende muito mais numa posição mais recuada do que nest... olha, golo! Que grande remate. Mas como ia dizendo, a sua visão de jogo, a capacidade de ver todas as linhas de passe numa única matriz, tudo isto são características muito mais úteis numa posiç... outro remate! Passou a milímetros. Mas como estava a explicar, esta é a posição errad... golo! Bom, são óptimas notícias, mas nada disto refuta a ideia central deste parágrafo, que é a de a sua posição ideal no terreno ser mais rec... grande jogada. Uma pena ter ido à barra. Mas lá está, se estivesse mais recuado, se calhar tinha entrado. Tal como eu sempre defendi, e com toda a razão.

 

Bas Dost

Completamente fora de forma, tendo marcado apenas 40% dos golos que a equipa marcou hoje, quando na época anterior chegou aos 50%.

 

Iuri Medeiros

Fez tudo - rigorosamente tudo - bem nos minutos em que esteve em campo - excepto quando tentou rematar à baliza, prometendo assim, e desta forma um bocado literal, uma época em que pode atenuar algumas das saudades que os adeptos ainda sentem de João Mário.

 

Jonathan Silva

Jogou os últimos 14 minutos, permitindo que Coentrão fosse levado para o seu santuário de elixires, unguentos e pomadas. Teve tempo para conduzir (com bastante competência) parte da jogada do quinto golo, para falhar uma recepção de bola, e para agredir o oxigénio ao tentar fazer um corte de cabeça, acção ainda assim preferível a agredir uma cabeça ao tentar fazer um corte de oxigénio.

 

Bruno César

Jogou os últimos sete minutos a central, no lugar de Math... Foi André Pinto, aliás. André Pinto! Peço imensa desculpa, é o hábito.

 

publicado às 04:22

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