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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Rogério Casanova, jornal Expresso, com a sua análise humorística à performance dos jogadores do Sporting, neste caso concreto de Gelson Martins, Marcus Acuña e Stefan Ristovski, no jogo de domingo frente ao Boavista.
Gelson Martins
O que fazer perante um jovem jogador que, mais uma vez, se fartou de improvisar desequilíbrios individuais, transformar bolas perdidas em lances de perigo com um ou dois toques, rematar à baliza, assistir colegas, e auxiliar incansavelmente o lateral no seu corredor? Perante um jogador que vai mostrando uma disponibilidade física e mental quase sobrenaturais? Que se revela o único com frescura suficiente nos últimos minutos de uma vantagem mínima para decidir, sempre com acerto, quando temporizar e recuar, ou quando acelerar e esticar o jogo? E tudo isto na fase final de uma época em que já leva mais de 4000 minutos nas pernas (além de treze golos e dez assistências)? Creio que a reacção mais apropriada e mais sportinguista é colocar de imediato três questões: “Porque é que não és melhor?” “Porque é que não fazes TUDO bem, em vez de fazeres apenas a maioria das coisas bem?” “Porque é que de vez em quando nos irritas?”.
Marcus Acuña
Quando algo é feito com tanta insistência, e reiterado de forma tão constante, é legítimo supor que se trate de algo deliberado: fruto de uma crença enraizada e não de uma mera resposta pragmática às circunstâncias. Acuña repete tantas vezes os mesmos dois movimentos – (1) receber a bola e virar as costas ao marcador directo; e (2) cruzar às cegas na direcção geral da área – não porque julga serem essas as melhores alternativas em determinados momentos do jogo, mas porque acredita nas ideias enquanto ideias: na ideia de receber a bola e virar as costas ao marcador directo; na ideia de cruzar às cegas na direcção geral da área. Acuña é um ideólogo e vai lutar por isto da mesma maneira que algumas pessoas lutam por um Estado Mínimo, e outras por um Rendimento Básico Incondicional: até ao limite das suas forças, ou até integrar um elenco governativo.
Stefan Ristovski
Ao minuto 11 deixou-se fintar perto da linha do meio-campo e ficou estatelado no meio do chão enquanto Mateus arrancou com a bola por ali fora. A medida mais rigorosa da exibição de Ristovski esta noite é que foi ele próprio a ir fazer a dobra, aparecendo alguns segundos depois a desarmar Mateus já dentro da área. Sempre agressivo, muito bem na antecipação, e despachado no ataque, está a criar as condições para o que o Sporting se veja eticamente obrigado a entregar setecentos e cinquenta mil euros adicionais ao Rijeka.
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